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Ilusão achar que Salvador deixará de ser engarrafada,diz analista

Cristina Aragón, analista de trânsito e transporte e blogueira do iBahia, apresenta razões para os engarrafamentos na capital baiana

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03/09/2012 às 13:28 • Atualizada em 29/08/2022 às 17:30 - há XX semanas
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O iBahia divulgou nesta segunda-feira (3) que Salvador tem uma das menores médias de automóveis por pessoa entre as capitais brasileiras. Com a análise dos dados, pode-se inferir que a quantidade de carros nas ruas não é a grande vilã do trânsito caótico da capital baiana. Segundo a analista de trânsito e transporte e blogueira do iBahia, Cristina Aragón, o índice de propriedade de veículos por pessoa em Salvador é menor do que em outras cidades em razão da baixa renda per capita no município. Entretanto, ela considera que há muitos carros na capital baiana, mesmo que a cidade tenha uma das menores médias de automóveis por pessoa entre as capitais.
"O transporte público dá uma opção para quem não quer ficar no engarrafamento. É o que falta para a gente"
Para Cristina, há diversas razões para os engarrafamentos na capital baiana, mas o histórico investimento prioritário para o transporte individual e o sistema viário, em detrimento ao transporte público, foi o principal motivo. "Isto não aconteceu apenas em Salvador, mas em todo o país". A analista de trânsito e transporte ressalta ainda que o transporte público não é a solução definitiva para os congestionamentos, o que pode ser notado em grandes cidades do mundo que investiram neste setor e também sofrem com os engarrafamentos, a exemplo de Nova York. "O transporte público dá uma opção para quem não quer ficar no engarrafamento. É o que falta para a gente", destaca.
A avenida Paralela é uma das vias mais complicadas
Outra razão, de acordo com Cristina, é a economia baseada na indústria automotiva. Se a redução do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) movimenta a economia, por outro lado provoca problemas injetando mais automóveis na cidade. "Todas as cidades estão passando por isso. A percepção do engarrafamento é de todos", afirma. Veja também: Salvador tem um ônibus para cada 333 moradores A falta de investimento em transporte sustentável, sobretudo bicicleta, é outro motivo apontado por Cristina. Segundo a analista, há uma demanda reprimida por este tipo de transporte, que seria outra opção para fugir dos congestionamentos. Há pessoas que querem utilizá-lo, mas têm medo.
"A gente pensar que um dia Salvador deixará de ser engarrafada é uma ilusão"
De acordo com Cristina, o sistema viário precisa ser resolvido, com a eliminação de retornos, o investimento nos pedestres e a construção de viadutos e túneis, por exemplo. Para ela, a cidade não é voltada para os pedestres, e sim para os carros. Para os mais otimistas em relação ao trânsito, um recado. "A gente pensar que um dia Salvador deixará de ser engarrafada é uma ilusão", afirma Cristina. Ela argumenta que as grandes cidades do mundo continuam engarrafadas, mas nelas há a possibilidade de optar por não entrar nos congestionamentos, o que os soteropolitanos não conseguem.

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