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Liminar proíbe mais uma vez desfile de jegues na Lavagem do Bonfim

A decisão foi expedida ontem pela 6ª Vara da Fazenda Pública

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11/01/2012 às 8:04 • Atualizada em 28/08/2022 às 3:10 - há XX semanas
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Caracterizado de Charlie Chaplin, Ubiratan Tavares, 70, estará amanhã na tradicional festa do Senhor do Bonfim, protestando. “Eu quero meu jegue, cadê o meu jegue?!”, ouvirá quem caminhar próximo a ele, que reivindica o direito de desfilar com o animal que desde 1986 o acompanha no cortejo e que o tornou conhecido como Bira do Jegue. Ana Rita Tavares, presidente da Federação Baiana de Entidades Ambientalistas Defensoras dos Animais (Febadan) também protestará. “Nossa luta é pelo direito à vida, pelo respeito aos animais, que ao longo de mais de 220 anos de festa foram maltratados”, explica. O motivo pelo qual Bira do Jegue não poderá comemorar o seu aniversário de 71 anos na festa com seu amigo, o jegue, é uma renovação da liminar que proíbe “a participação de carroças conduzidas ou puxadas por animais, em destaque os equinos”, sob pena de multa de R$ 90 mil em caso de descumprimento.
Os jegues ficarão, mais uma vez, longe da Lavagem do Bonfim
A decisão foi expedida ontem pela 6ª Vara da Fazenda Pública, assinada pelo juiz Ruy Eduardo Almeida Brito. O atual documento, emitido também no ano passado com similar teor, designa para cumprimento da decisão o Comando Geral da Polícia Militar, que contará com mais de 2 mil policiais no festejo. Por mais estranho que pareça, o futuro do jegue em festas populares será decidido na segunda-feira, quatro dias após o Bonfim, quando será julgada no Juizado Especial Criminal de Nazaré a ação criminal movida pelo Ministério Público e ONGs de defesa dos animais. ArgumentosPara Bira, barrar o jegue é quebrar uma tradição. “O jegue, que levava a água para lavar a escadaria, é um símbolo do Nordeste, do trabalho, da seca. Jesus fugiu em um jegue”, diz. Já a advogada e diretora da ONG Bicho Feliz, Gislane Brandão, diz que “a tradição não pode estar acima da lei e a cultura não é estática. Hoje, nossa cultura não aceita maus-tratos”. Para os representantes das nove ONGs que fiscalizarão a ordem no Bonfim, a exposição a sons elevados, a possibilidade dos equinos se assustarem com os fogos e com a multidão, e o trajeto de 8 km sob o sol escaldante são as principais agressões contra os jegues. Celebração começa às 8h no ComércioA tradicional lavagem do Bonfim, amanhã, começa às 8h, na área externa da Igreja da Conceição da Praia, no Comércio. A celebração inicia com uma mensagem do vigário da Basílica da Conceição da Praia, padre Valson Sandes. Depois, haverá uma apresentação do coral da basílica e mensagens de representantes de várias religiões, como espiritismo, candomblé, evangélicos e hinduísmo. Por volta das 9h, o cortejo segue pelos 8 km que levam à Colina Sagrada, onde o cortejo deve chegar às 12h. Lá, acontecerá a tradicional lavagem das escadarias da igreja, pelas baianas, com água de cheiro. A igreja estará fechada, mas os fiéis poderão ver a imagem do Senhor do Bonfim, que será erguida na janela do local pelo padre Edson Menezes. Cerca de 1 milhão de pessoas devem participar da festa. Entenda o caso 2008A ONG Bicho Feliz solicita representação junto ao Ministério Público denunciando os maus-tratos. 2009 O MP-BA aciona criminalmente a Fundação Gregório de Matos (pelo concurso da mais bela carroça, realizado até 2007) e a Saltur como estimuladores da prática. 2011A OAB-BA e três ONGs abrem ação cível e liminar proíbe os animais no cortejo. 2012A liminar de proibição é renovada.

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