No dia 8 de janeiro, quem passar pela Avenida Tancredo Neves vai se deparar com um cenário diferente. Pela primeira vez, em 39 anos, no letreiro de 8 metros em frente ao shopping não estará escrito “Iguatemi” – nome que também designa o bairro em seu entorno e uma das principais vias de ligação com a Avenida Paralela. O centro de compras agora passará a se chamar “Shopping da Bahia”, conforme adiantou com exclusividade a coluna Telma Alvarenga, do CORREIO, em junho do ano passado.
De acordo com o diretor da Aliansce Shopping Centers para o Norte e Nordeste, proprietária e administradora do shopping, Ewerton Visco, esta não é uma mudança e sim uma oportunidade para homenagear a Bahia no ano em que o centro comercial completa 40 anos.
“Não vamos mudar o nome, só tirar nosso pseudônimo. Vamos nos assumir, pois já usamos esse nome no nosso slogan há muito tempo”, afirmou em entrevista exclusiva ao CORREIO e enfatizou que são boatos os comentários de que a mudança se fez necessária em razão de brigas com a empresa que detém os direitos de uso da marca – a Iguatemi Empresa de Shopping Centers SA, que faz parte do Grupo Jereissati, e detém 16 shoppings centers, 1 outlet e 3 torres comerciais em várias regiões do país.
O shopping Iguatemi de Salvador é o único do Brasil que ainda utilizava o nome sem ser parte integrante do Grupo Jereissati, o que resulta de uma negociação de licenciamento do uso da nomenclatura e custa para a empresa baiana Aliansce cerca de R$ 20 mil por ano, com contrato renovado a cada dois anos.
Para Ewerton Visco, este valor é considerado irrisório para um empreendimento que gastou, em média, R$ 60 milhões apenas em reformas na estrutura, nos últimos sete anos, e movimenta R$ 1,4 bilhões em vendas por ano. O investimento da Aliansce Shoppings Centers com as alterações na identidade visual interna, letreiro na fachada do prédio, campanha de divulgação e mudanças na marca será de R$ 3 milhões. “Investir este valor para nos assumir é um investimento perfeitamente cabível. Tudo isso vai estar muito pouco focado em números. Nossa principal motivação é um agradecimento ao povo baiano. O que nós estamos fazendo é agradecer e homenagear. É como se estivéssemos dizendo ‘Oh, Bahia, obrigado!’”, revelou Visco.
A campanha será lançada esta semana e traz depoimentos, fotos e vídeos de artistas baianos, clientes, líderes religiosos, empresários, crianças de projetos sociais apoiados pelo shopping e, segundo a assessoria de imprensa, ninguém cobrou cachê para fazer a publicidade.
Serão 20 placas de outdoor, 150 mobiliários urbanos, 5 mil cartas distribuídas aos vizinhos do shopping e cerca de 150 pessoas foram envolvidas desde a concepção, criação, produção e personagens. As novas peças de divulgação serão veiculadas em TV, rádio, elemídia, jornal, revista, internet, busdoor e cinema.
Que mudanças vão acontecer com o nome do shopping e, por consequência, com a empresa Iguatemi?
Você nunca vai me ouvir falar de mudança, porque não estou mudando o nome. Isso é um discurso verdadeiro. Pra mim, estou me assumindo. Sempre fui o Shopping da Bahia e vou continuar sendo. Só vou tirar meu pseudônimo. Na empresa não vai ter mudança nenhuma porque nossa empresa, há muito tempo, não tem o nome Iguatemi, o nome da empresa é Aliansce. Não é a primeira vez que nós tiramos um nome e assumimos outro. Nós tínhamos dois outros Iguatemi, em Feira de Santana e em Campina Grande, e mudamos o nome há algum tempo. Então não é um impacto que vá produzir grande efeito. Acho que o grande efeito de assumir o novo Shopping da Bahia é uma homenagem à terra onde estamos há 40 anos e faz este shopping ser o sucesso que é. Tenho certeza absoluta de que contribuímos muito para a formação de um nome chamado Iguatemi como empresa, grife de shopping e marca importante, mas agora resolvemos, em comum acordo com a Iguatemi, fazer isso. No fundo, para nós é somente um revisitar a nossa história, revisitar aquilo que nós efetivamente também construímos nessa cidade e nós construímos uma referência de um shopping para toda a Bahia.
Atualmente, Salvador é o único Iguatemi que não faz parte do Grupo Jereissati?
Acredito que sim. A sociedade inicial desse shopping é uma sociedade nacional do Grupo Rique com a empresa Alfredo Matias – fundadora do Shopping Iguatemi de São Paulo. Depois a Alfredo Matias vendeu o Iguatemi aqui de Salvador para o Grupo Rique e depois vendeu o Iguatemi de São Paulo para a Iguatemi Shopping Centers, antiga La Fonte. O nosso shopping, até pelo processo cultural dos donos e da empresa, sempre foi muito ligado às coisas da Bahia. Nossas alamedas todas têm nomes de baianos ilustres, sempre apoiamos muito a cultura, o carnaval e acabamos sendo um ícone nessa terra. E tem muitos anos que nós usamos esse tal de ‘shopping da Bahia’. Claro que fazer essa troca é uma coisa complicada, demanda tempo, custo, aprendizado, mas no fundo nossa tranquilidade é muito grande porque só estamos nos assumindo. Nós somos isso – o Shopping da Bahia. As pessoas dessa terra reconhecem esse equipamento como algo que faz parte e divulga a Bahia.
O shopping paga licenciamento para usar o nome?
Sim, nós pagamos há alguns anos, mas esse valor é de apenas R$ 20 mil por ano. Esse acerto de usar nomes é antigo, vem de Nilton Rique com Carlos Jereissati. Esse shopping é Iguatemi desde 1975. Então, isso não é um problema. Não há uma contenda. No fundo esse desejo nosso já era muito grande. O nosso equipamento hoje é muito maior que o nome. O sucesso já transcendeu o nome que ele tem. Então, para nós da Aliansce, tínhamos um shopping com um nome que não era nosso. Não tinha mais porque continuar. Nossa marca é diferente, além da logo e da grafia que também são diferentes. Esse é um shopping extremamente democrático, é de todos os baianos. Tanto que quando pensamos em um nome não houve dúvidas – Shopping da Bahia. É o que nós somos. Nossa logomarca é ‘Shopping da Bahia – à Bahia com amor’.
Vai mudar a identidade visual do shopping, o letreiro, tudo?
Sim. Vamos mudar tudo e incorporar a logomarca da Aliansce. É uma logo inspirada em nossa marca lá atrás, são duas alianças entrelaçadas, porém remetendo à marca do Grupo Nilton Rique, que eram duas ferraduras.
Na prática, você acha que o nome vai deixar de ser usado pelas pessoas?
Se eu dissesse isso para você estaria sendo incompetente. É impossível olhar para trás e dizer que esse shopping não é um sucesso, não é um ícone de varejo. Se eu disser que daqui a um mês as pessoas estarão chamando isso aqui de Shopping da Bahia numa boa, estaria mentindo. Se você olhar no entorno, aqui é tudo Iguatemi. É a região Iguatemi, aqui tem a LIP – Ligação Iguatemi-Paralela, o Centro Empresarial Iguatemi, a igreja aqui da frente é Iguatemi, o prefeito vai lançar agora uma licitação do BRT e o nome é Lapa-Iguatemi. Então, se eu disser que daqui a dois anos ninguém vai lembrar do nome Iguatemi, estaria sendo louco e incompetente. Ninguém tem um equipamento como esse com um sucesso como ele é sem fazer parte da vida do baiano. São 39 anos. Quantas pessoas se conheceram aqui, namoraram aqui, casaram-se aqui, brigaram aqui, fizeram-se aqui? Tenho certeza absoluta que passa de mil o número de empresários que se fizeram aqui, fizeram muito sucesso, ganharam muito dinheiro e começaram com uma lojinha no shopping. Esse equipamento fez com que muita gente transformasse sua vida. Aqui tem gente que entrou como vendedor de loja e saiu como dono de loja. Já ouvi Bel do Chiclete dizer que trabalhou aqui montando caixa de som, já ouvi Ivete Sangalo dizer que entregava quentinhas nas lojas do Iguatemi. São milhões de casos de pessoas que se fizeram aqui. Imagine, há 40 anos, o varejo de Salvador estava na Avenida Sete, a Barra estava começando a despontar com uma lojinha aqui e outra ali. Aí você traz um shopping para uma região que hoje é o centro financeiro da cidade, mas naquela época a gente tinha que pagar empresa de ônibus para fazer linha para cá. Imagine que nós desenvolvemos uma região.
E se o grupo Iguatemi tiver interesse em fundar um shopping com este nome aqui na capital?
Não gosto de avaliar decisões de outras empresas. Eu acho muito pouco provável, mas também se fizer... A cidade é dotada de diversos empreendimentos de sucesso, mas tenho certeza de que não há nenhum com essa ligação que temos com a cidade. Isso nos deixa muito tranquilos.Existe algum temor quanto a mudança em relação aos lojistas ou consumidores?Temor pela mudança? Nenhum. Temor pela mudança de filosofia? Nenhum. Temor pela mudança de nome? Nenhum. Até porque não estamos fazendo isso. Estamos nos assumindo.
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