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Mesmo com ação da PM, rodoviários decidem manter paralisação

Polícia Militar faz guarda na porta da empresa Axé; rodoviários dizem que não impedem ninguém de entrar

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25/05/2012 às 8:28 • Atualizada em 27/08/2022 às 23:38 - há XX semanas
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O carro da empresa passa na casa dos funcionários para fazer a apanha, mas eles se recusam a ir trabalhar. E, se vão para a companhia, ficam do lado de fora, junto com os colegas. A greve continua, mas a tática dos rodoviários mudou.
Em paralisações anteriores, a categoria realizava operações-tartaruga, passeatas, fechavam ruas e avenidas ou os chamados corredores – locais onde funcionam as sedes das empresas de transportes. “A diferença desta greve para as outras é justamente essa. Não queremos prejudicar a população, mas tê-la como aliada. Hoje, não paramos corredor nenhum”, diz Ubirajara Sales, diretor administrativo do Sindicato dos Rodoviários da Bahia (Sintroba). Ele conta que a busca dos funcionários em suas residências tem acontecido com o acompanhamento da Polícia Militar. “A gente não proíbe ninguém de entrar. Os ‘apanhas’ estão voltando vazios, mesmo com os PMs participando de todo o processo”, acrescenta Ubirajara. Um esquema especial foi montado pela PM para garantir a circulação da frota de ônibus mínima estabelecida pela Justiça, de 40%. Nas portas das empresas Expresso Vitória, em São Cristóvão, Axé e Barramar, ambas em Pirajá, carros da PM davam suporte aos rodoviários, ontem pela manhã. O tenente Pereira, da 17ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Uruguai), diz que, apesar do acompanhamento da polícia, a maioria dos rodoviários não quis trabalhar. “Acompanhamos a busca de funcionários, mas eles que recusaram a vir trabalhar”, conta ele, que manteve uma equipe com cinco PMs em frente à Axé. Piquete Na porta de uma das empresas, porém, o CORREIO encontrou um rodoviário que foi até o seu local de trabalho e diz ter sido impedido de entrar. Há seis meses trabalhando em uma das companhias de transportes, um motorista afirma que foi trabalhar para não se indispor com a empresa. “Tenho pouco tempo e vim com medo de perder o emprego. Recebi três ligações da empresa, a última às 3h. Só que, quando cheguei na portaria, meus companheiros me convenceram a não entrar”, relata ele, em condição de anonimato. Entre os argumentos usados pelos colegas estava a possibilidade de ter o ônibus apedrejado. “Eles disseram que eu corria esse risco por parte dos passageiros porque seria apenas um perdido no meio da multidão”, comenta. A empresa, de acordo com o motorista, o orientou para que fosse trabalhar sem farda. “Era uma medida para evitar qualquer tipo de represália”, expõe o motorista. Diante de três policiais militares em frente à empresa São Cristóvão, o motorista Pedro Celestino nega que os grevistas impeçam alguém de entrar nas garagens. “A gente faz convencimento político, mas se quiser entrar na empresa, vai entrar. O sindicato não proíbe ninguém de vir. O trabalhador é que não quer”, enfatiza. Tribunal julga dissídio hojeA desembargadora Maria das Graças Boness, do Tribunal Regional de Trabalho (TRT-5) julga hoje, às 14h, o dissídio coletivo de rodoviários. A depender da decisão, os 18 mil rodoviários da Bahia poderão ter os vencimentos elevados de R$ 1.447,58 a R$ 1.859,30, somados salário base e tíquete-refeição. Atualmente, recebem R$ 1.379. Na primeira hipótese, se concedido o que foi oferecido pelo Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros (Setps), as empresas de ônibus que atuam na capital terão de reduzir os lucros em R$ 2,8 milhões por mês, conforme estimativa da entidade. O impacto do que foi pedido pelos rodoviários é de R$ 6,2 milhões. Outros pontos que estão na pauta, como o retorno do pagamento do quinquênio (que concede reajuste de 5% para cada cinco anos de contrato com a empresa e era pago até 2006) e o plano de saúde para dependentes, segundo o assessor de relações sindicais do Setps, Jorge Castro, poderão ampliar o impacto para R$ 20 milhões mensais. Conforme o histórico dos dissídios do TRT, quando não há entendimento entre as partes, o usual é conceder o reajuste da inflação do ano anterior, com base no Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do IBGE. Em 2011, esse indicador fechou em 6,5%, o que levaria o salário base dos rodoviários para R$ 1.597,10. Após o julgamento, os rodoviários irão se reunir em assembleia. O presidente do Sindicato dos Rodoviários (Sintroba), Manuel Machado, evitou falar sobre a possibilidade de continuação da greve, caso a decisão judicial não agrade. “Vamos nos entender com a categoria”, disse. Após o dissídio, a continuação da greve torna-se ilegal e os empresários ficam autorizados a cortar o ponto. Clandestinos lucram Alexandro Mota e Lorena Caliman
Se tem alguém aproveitando a greve de rodoviários são os clandestinos e mototaxistas. A tal ponto que nem eles estão dando conta da demanda de passageiros. Moradora do Alto do Cabrito, a vendedora Karolayne do Amparo, 14, foi de kombi trabalhar com a mãe em um dos largos de ambulantes da Avenida Sete. O transporte custou R$ 3. “Foi difícil pegar a kombi. Tavam passando muito poucas. Saí de casa 6h e só entrei na lotação às 7h”, contou ela, que chegou ao local de trabalho por volta das 7h30. “Pra voltar ontem (anteontem) a gente pegou uma kombi ali atrás, mas hoje (ontem) não sei como vai ser, né?”, reflete. Motoboy de profissão e mototaxista por circunstância, o morador da Estrada Velha do Aeroporto Edvã Mendes Reis, 31, está conseguindo tirar bom proveito da greve. “Dá pra tirar em torno de R$ 100, R$ 120 por turno”, explica ele. “As viagens variam de R$ 10 até R$ 40, depende da distância.

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