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SALVADOR

Movimento Nossa Salvador convoca população para mudar a cidade

O movimento se estrutura a partir de 3 pontos: criação de um programa de indicadores e metas, monitoramento da gestão pública e educação para a cidadania

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28/10/2011 às 8:26 • Atualizada em 28/08/2022 às 11:16 - há XX semanas
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Você reclama da sujeira de Salvador mas, quando acaba o picolé, joga o palito no chão? Você critica a engenharia de trânsito da cidade mas, quando ninguém está vendo, dá aquela roubadinha para ganhar tempo? Você respondeu que sim? Você não está só.
Está vendo como o Parque do Abaeté fica lindo quando está limpo? Ajude a deixá-lo assim. Aliás, ajude a deixar toda a cidade em ordem
Por isso mesmo, sua participação é decisiva para as mudanças que estão previstas para Salvador nos próximos anos. Para fazer valer esta ideia, foi lançado ontem, no restaurante Baby Beef, o Movimento Nossa Salvador. O objetivo é mobilizar os cidadãos a tocar o leme da cidade junto com o poder público. O Nossa Salvador se estrutura a partir de três pontos básicos: criação de um programa de indicadores e metas, monitoramento da gestão pública e educação para a cidadania. O projeto, que conta com o apoio de várias empresas, entre elas a Rede Bahia, faz parte da Rede Social Brasileira Por Cidades Justas e Sustentáveis. “O grande lance do movimento é contribuir para a construção de políticas públicas com a participação de todos: sociedade civil, empresários, governos, organizações não governamentais (ONGs) e meios de comunicação”, avalia o empresário Aldo Ramon, integrante do Movimento Nossa Salvador. Pensado pela primeira vez em 2008, o projeto foi embasado por um estudo que apontou os principais problemas da cidade, como engarrafamentos, alagamentos e má qualidade dos serviços de saúde. O estudo mostrou, porém, que a culpa dos problemas não é somente dos gestores públicos. Eles também decorrem de pequenas atitudes dos moradores no cotidiano, como desrespeitar normas de trânsito e colaborar para a degradação do meio ambiente. Quer um bom exemplo? Chegue no Parque do Abaeté e procure seu Antônio Miguel para ouvir o que ele conta. “Todos os dias o pessoal da limpeza passa aqui, mas as pessoas não têm consciência. A areia está cheia de fezes de cavalo e de cachorro. Há algum tempo era possível deitar e curtir o fim de tarde aqui, mas hoje em dia não dá mais”, diz ele, que é presidente do Grupo Ecológico Nativo de Itapuã. Por outro lado, tem aqueles cidadãos que preferem não se envolver nas decisões, caso de um vendedor ambulante que trabalha na região do Iguatemi e se identificou apenas como Antônio. “Podem colocar 100 mil pessoas pra reclamar na prefeitura ou em qualquer outro lugar que nada vai mudar. A gente paga um imposto alto e ainda tem que ficar cobrando. Eles deveriam ter consciência e fazer tudo”, diz. CLIQUE NA IMAGEM ABAIXO PARA AMPLIAR
Inspiração Segundo Aldo Ramon, o projeto foi inspirado em uma inciativa semelhante criada em 2006 em Bogotá, capital da Colômbia, o Bogotá como Vamos. Na Bahia, já está em prática o Ação Ilhéus, lançado em 2008. “A participação popular, por uma questão cultural, ainda não é a ideal, mas vários movimentos surgiram na cidade depois da criação do Ação Ilhéus”, conta a diretora do grupo, Maria do Socorro. O Movimento Nossa Salvador foi dividido em 11 Grupos de Trabalho (GT) que englobam temas como Cultura, Meio Ambiente e Segurança. O movimento conta ainda com o apoio de uma rede de jornalistas. “O jornalista é importante por seu papel na disseminação das informações. A rede também visa fortalecer a mídia local para que o projeto atinja todos os cidadãos de Salvador”, diz Ramon. Sem partidoPara Ricardo Pessoa, empresário da construção civil e membro do Nossa Salvador, é importante ressaltar que este não é um movimento partidário. “Não estamos ligados a nenhum partido e nosso projeto é interreligioso. Nós queremos que os cidadãos participem, que tomem as rédeas para criar uma cidade mais justa”, enfatiza. Não faltam exemplos de que a união dos cidadãos pode resultar em grandes feitos. Nos últimos meses, a onda de protestos em países árabes, conhecida como Primavera Árabe, é uma prova recente de que uma grande mobilização derruba até um ditador. Aqui não há um ditador para derrubar, mas um bom futuro para construir. Comece fazendo sua parte. Aliás, veja lá onde você vai deixar este jornal... OS TRÊS PERFISAnticidadãoÉ a pessoa que efetivamente faz mal contra a cidade. Muitas vezes ela nem percebe e ainda reclama das autoridades como se ele próprio não tivesse nada a ver com os problemas que a cidade enfrenta. Entre essas pessoas estão os que jogam papel na rua, fazem xixi na calçada, arremessam lixo pela janela, compram artigos piratas e falsificam carteiras de estudantes, por exemplo. ConiventesO conivente não faz nada errado, mas quando vê anticidadãos fazendo, não diz nada, nem tenta alertá-los. Mobilizado, mas sem apoioSão os que reclamam e, de alguma forma, questionam aquilo que os demais (autoridades ou não) fazem de errado. No entanto, como são poucas, essas pessoas não se sentem apoiadas. Seja um Super CidadãoPara o Movimento Nossa Salvador, lançado oficialmente ontem em um restaurante da cidade, foi criada uma campanha publicitária chamada Seja Um Super Cidadão. Desenvolvida pela Agência Morya, a campanha tem como foco mostrar que os cidadãos de Salvador são também responsáveis pelos problemas da cidade. Outdoors espalhados pelas ruas da capital baiana expõem frases para alertar os moradores, como ‘Você reclama da sujeira, mas faz xixi atrás do poste’ e ‘Você reclama do alagamento, mas joga papel na rua’. De acordo com Juliana Montenegro, responsável pelo planejamento da agência, a campanha foi feita após uma pesquisa que constatou três perfis de pessoas em Salvador: as pessoas que se mobilizam, mas não se sentem apoiadas; pessoas que não costumam fazer nada errado, mas são coniventes e não reclamam quando veem alguém fazendo; e as pessoas que contribuem para o problema. “Normalmente, as pessoas que contribuem para o problema não acham que estão fazendo coisa errada. É, por exemplo, a pessoa que para na vaga de deficiente e pensa ‘ah, é rapidinho’, ou a pessoa que joga papel na rua pensando que é só um papelzinho...”, explica Juliana. “As pessoas não estão exercendo seu papel de cidadão e ficam só falando mal de governo e das autoridades”, explica o empresário Aldo Ramon, integrante do movimento Nossa Salvador. “Tem gente que reclama, mas cuida muito mal da cidade”. Grupos de Trabalho terão reuniões periódicasO movimento Nossa Salvador, assim como as iniciativas de outras cidades, como o Viva Rio e o Nossa SP, é estruturado a partir da criação de Grupos de Trabalho (GT). O GT é utilizado, segundo os organizadores, porque ele permite uma maior integração e maior participação dos cidadãos. “As pessoas só tomam uma posição quando o problema é drástico e está afetando diretamente a vida delas. Não queremos que essa mobilização aconteça apenas nesse momento”, diz Aldo Ramon, membro do Nossa Salvador. Na capital baiana, além de uma rede de jornalistas para integrar e disseminar a informação, 11 grupos de trabalho se reunirão periodicamente para discutir os seguintes temas: Comunicação, Cultura, Educação, Gênero e Raça, Juventude, Meio Ambiente, Planejamento, Mobilidade Urbana, Segurança, Trabalho e Renda, Acompanhamento da Gestão Pública. As reuniões servirão para apontar soluções para problemas existentes e elaborar projetos que ajudem a cidade a se desenvolver de forma sustentável. Os interessados podem acessar o site ou enviar e-mail: www.nossasalvador.org.br / [email protected].

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