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Muros e postes do Rio Vermelho ganham pichações que alertam para risco de assalto

A pichação nos muros e postes chama atenção de quem passa pelas ruas do Rio Vermelho: ‘Cuidado. Zona de Assalto’.

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03/04/2012 às 9:12 • Atualizada em 28/08/2022 às 9:46 - há XX semanas
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A autoria do alerta pichado em muros e postes de ruas do Rio Vermelho ainda é desconhecida, mas moradores e comerciantes da região garantem que corresponde à realidade. “Cuidado. Zona de assalto”, diz a pichação em tinta preta que tem chamado a atenção de quem circula pelo bairro em locais como a avenida Juracy Magalhães Júnior, e as ruas Maragojipe, Nelson Gallo e Frederico Edlwess. “Acho que as pichações representam a realidade. Aqui a gente se sente completamente vulnerável. Quem fez isso só pode ser os moradores e comerciantes com medo porque é uma zona muito perigosa”, destaca a estudante da Unifacs, Lia Baruch, 41 anos. Ao sair de um dos campus da faculdade no Rio Vermelho, na Rua do Canal, como é conhecida a avenida Juracy agalhães Júnior, ela conta que quase foi assaltada. “Na saída da aula é sempre um momento de tensão. Percebi que dois caras iriam me assaltar, mas consegui entrar no carro primeiro, quando um deles saiu com uma arma de um beco”, relata. Hoje, a estudante tem dificuldades de voltar ao bairro. “Fiquei muito assustada. Além de mim, meu filho também estuda na Unifacs do Rio Vermelho. São ruas muito escuras e não têm segurança”. Ainda na rua do Canal, há menos de um mês, a pensionista Elizabeth Gusmão Hufnagel, 65, viu o filho, André Luís Hufnagel, morrer após ser baleado numa saidinha bancária. O crime ocorreu no dia 21 de março após mãe e filho terem feito um saque de R$ 15 mil em uma agência do banco Bradesco, na rua Conselheiro Pedro Luiz. Os dois voltavam para casa quando foram surpreendidos por dois homens que estavam em uma moto e anunciaram o assalto. Testemunhas relataram, na época, que André tentou proteger a mãe ao ver um dos assaltantes puxar a bolsa da aposentada, mas foi alvejado no peito e não resistiu aos ferimentos. O caso ainda está sendo investigado por agentes da 7ª Delegacia de Polícia, no Rio vermelho, mas até ontem ninguém tinha sido preso.
Muros e postes do Rio Vermelho ganham pichações que alertam para risco de assalto
RelatosOs relatos ouvidos pelo CORREIO ainda são de medo e insegurança. “Todo dia tem assalto aqui e a gente só vive com grade. Meu sogro já foi assaltado e levaram dois mil reais. Um amigo meu veio me visitar e quando saiu tomaram a chave e roubaram o Gol dele”, conta o administrador Alfredo Galvão, que há 10 anos tem um escritório na Rua Maragojipe, onde um dos postes tem uma pichação do alerta toda borrada. Ainda no local, ele acrescenta que um bar e um salão de beleza já foram assaltados várias vezes. “O salão já fechou. É a terceira proprietária que desiste. As pichações não ajudam. O que falta mesmo é policiamento ostensivo”, diz. Nem uma escola que fica na frente do escritório é poupada pelos assaltantes. “Eles aproveitam os pais que vão deixar os filhos na escola para agir. Já vi várias mães pararem o carro e quando voltam são assaltadas. Aqui é uma rua de passagem. Os assaltantes passam e levam tudo”, brinca. O CORREIO pediu à Secretaria da Segurança Pública, através da assessoria de comunicação, dados referentes ao número de assaltos na região, mas até o fechamento desta edição, às 22h, a solicitação não havia sido atendida.
‘Cuidado. Zona de Assalto’. O alerta tem autoria desconhecida, mas a violência fica cada vez mais familiar
IgualÀ frente da 12ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM), que cobre o Rio Vermelho e Ondina, o major André Ricardo diz já viu as pichações, mas ainda não sabe a autoria. Sobre as queixas de moradores e comerciantes, o major ressalta que a situação do Rio Vermelho é igual a de outros bairros. “Nós temos níveis de insegurança iguais a outros bairros de Salvador”. Questionado sobre as ruas onde acontecem mais assaltos, o major limitou-se a dizer que o policiamento é reforçado onde há mais veículos estacionados. “Estamos dando mais atenção a locais onde as pessoas estão estacionando muito como a Rua do Canal e pela manhã focamos mais a parte comercial”, resume. Já o policiamento é feito “basicamente com viaturas e 24 horas por dia”. Apenas três veículos são utilizados pelos policiais para fazer rondas nos dois bairros (Rio Vermelho e Ondina). “Temos mais uma viatura para efeito de reforço”, destaca. Cada ronda é feita por três PMs. “Tem pontos de policiamento a pé, mas não revelamos porque é estratégico. Trabalhamos em parceria com a 7ª Delegacia de Polícia”, aponta. O CORREIO tentou entrar em contato com a titular da 7ª DP, mas a delegada Jorvane Andrade dos Santos não foi localizada. A professora de dança, Ila Vita, 42, mora e trabalha no Rio Vermelho. Ela diz que evita andar a pé pelo bairro. “Meu primo foi assaltado saindo da academia. Meu marido já foi assaltado duas vezes. Tem gente aqui que já conhece quem são até os ladrões”, observa Vita que há oito anos mora no bairro. “Precisamos de segurança com urgência. Aqui a gente evita andar a pé”, complementa. Moradores assustadosA representante comercial Débora Dantas, 37, estuda no Rio Vermelho e conta que, há 15 dias, presenciou um rapaz sendo colocado dentro do porta-malas. “Era por volta das 21h e eu entrei no meu carro. Duas amigas minhas estavam junto e entraram em outro. Eu saí primeiro. Segundos depois, minha amiga me ligou em prantos dizendo que estava vendo um rapaz ser sequestrado”. As amigas chamaram a polícia, mas o carro com o rapaz já tinha deixado o local. Sobre as pichações, ela acredita que os próprios moradores é que estão espalhando, como forma de alertar. “Aqui já foi chamado de perigo de vida. Tem duas curvas que não dá para ver quem está vindo e fica muito escuro. Ficar em ponto de ônibus sozinha nem pensar”, acrescenta a técnica de enfermagem Niagara Melo, 20 anos, referindo-se a uma rua paralela à Rua do Canal. Moradora do bairro desde que nasceu, Niagara conta que vive com a família em uma casa na rua do Canal, onde um dos postes exibe a pichação. Uma tia dela sofreu uma tentativa de assalto quando voltava para casa, por volta das 23h. “Minha tia gritou e aí o restante da família acordou e saiu correndo atrás dele. Aqui é perigoso, porque fica deserto”, lamenta. A auxiliar administrativa Mariza Nascimento, 29, que trabalha no bairro, destaca que hoje anda assustada. Ela conta que há dois meses estava andando próximo ao Largo da Mariquita quando percebeu que um homem a estava seguindo. “Olhei para trás e comecei a correr. Ele também acelerou o passo. Só não fui assaltada porque parei em uma copiadora. Ando aqui assustada.

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