SALVADOR

"O choro dele não diminui a nossa dor", diz prima de mulher morta

Ela contou que Marco Aurélio ligou o ventilador, cobriu o corpo com o lençol e trancou a casa. Depois, se passou pela vítima para ganhar tempo

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Redação iBahia

02/09/2016 às 20:48 • Atualizada em 28/08/2022 às 12:49 - há XX semanas
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Para os familiares da técnica de enfermagem Jeiza de Jesus Andrade, 27 anos, o pedido de desculpas do mecânico Marco Aurélio da Conceição Machado, 24, não comove ninguém. Na sexta-feira (26), ele estrangulou a namorada com as próprias mãos, em Nova Brasília de Itapuã. O corpo foi encontrado dois dias depois.
Seis dias depois do crime, Marco Aurélio procurou o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e se entregou. Na manhã desta sexta-feira (2), ele foi apresentado para a imprensa e, com a voz embargada, pediu desculpas aos familiares da namorada. Uma das primas de Jeiza conversou com o CORREIO e comentou as declarações do mecânico.
"Ele chorar na televisão não diminui a nossa dor. Esse choro não comove ninguém. Ele mantou minha prima, uma ótima pessoa, querida por todos, trabalhadora, independente, que ajudava a mãe. O que ele fez, e da forma que fez, foi cruel. Não tem perdão", afirmou a mulher que pediu para não ser identificada.
Premeditação
A família de Jeiza também não acredita na versão de Marco Aurélio de que o crime não foi premeditado. O mecânico disse para a polícia e os repórteres que o assassinato foi cometido por impulso e que não teve a intensão de matar a namorada. "Se pudesse, dava minha vida para ter ela de volta", afirmou. Para a prima da técnica de enfermagem tudo foi feito de caso pensado. "Para estrangular alguém, como ele fez, é preciso apertar o pescoço da pessoa com força até ela perder a consciência e, mesmo depois disso, continuar apertando até ela perder a vida. Se ele estivesse agindo por impulso teria parado quando ela desmaiasse", afirmou.
Os familiares acusam o mecânico também de planejar as ações após a morte de Jeiza. "Ele cobriu o corpo com um lençol, ligou o ventilador e trancou a casa para não levantar suspeitas. Pegou o celular dela e ficou se passando por minha prima, respondendo as mensagens de whatsapp. Tudo isso para ganhar tempo. O pior é que ele levou também os documentos dela. Tivemos que ir até o cartório de Jequié para pedir uma nova certidão de nascimento, o que atrasou o sepultamento. Ele diz que foi por impulso, mas está claro que ele pensou em tudo", disse a mulher.
O crime aconteceu na casa de Jeiza, na Travessa Luiz Viana Filho, em Nova Brasília de Itapuã. O casal teve uma discussão e durante a briga Marco Aurélio estrangulou a namorada. Ele fugiu e estava escondido na casa de um amigo, em Periperi, no Subúrbio Ferroviário de Salvador. Amigos relataram à polícia que o casal tinha um relacionamento conturbado e que brigavam sempre por causa de ciúmes. Segundo a polícia, em uma das brigas, no Natal do ano passado, Marco Aurélio agrediu Jeiza, no meio da rua, chamando atenção dos vizinhos. A técnica de enfermagem ficou com um hematoma no olho e prestou queixa na polícia como se tivesse sido vítima de um assalto. Marco Aurélio vai responder por feminicídio e pode pegar entre 12 e 30 anos de prisão.

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