Para que a integração do sistema de transporte metropolitano com o urbano fosse possível, uma série de acordos e ajustes foram necessários - e ainda estão em trâmite. Uma das alterações discutidas foi a interrupção da circulação dos ônibus metropolitanos em Salvador através da substituição pelo metrô, na Avenida Paralela, e por ônibus urbanos, na orla da cidade.
Em uma reunião realizada nesta terça-feira (10) pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA), foi definido que as alterações na orla da cidade não serão realizadas imediatamente. O acordado no Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) previa que os ônibus oriundos da Região Metropolitana de Salvador (RMS) seriam retirados da orla da capital e seriam substituídos por ônibus urbanos. Com o acordo da reunião, o trajeto apenas será assumido por ônibus urbanos após a conclusão dos estudos sobre o valor da tarifa definitiva da integração.
A reunião foi realizada na sede do órgão, no Centro Administrativo da Bahia (CAB), com representantes do Estado; dos municípios de Salvador, Camaçari, Lauro de Freitas e Simões Filho; da Associação das Empresas de Transporte de Salvador (Integra); do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários da Região Metropolitana (Sindimetro) e dos empresários de transporte rodoviário metropolitano.
A promotora Rita Tourinho explicou que a circulação de ônibus metropolitanos na cidade de Salvador é uma “irregularidade que vêm se perpetuando ao longo dos anos”. “Para que a prefeitura interrompesse a circulação paralela ao metrô, e apenas realizasse as linhas troncais, circulando pelos bairros ao redor do metrô, o estado acordou que iria retirar os ônibus metropolitanos da orla”, detalhou a promotora.
Desemprego de rodoviários
A necessidade de adiamento da interrupção da circulação dos metropolitanos se deu, de acordo com Rita, por conta das discussões com relação ao desemprego que a integração pode vir a ocasionar. O Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviários Metropolitano (Sindmetro) afirmou ser contra o corte dos ônibus metropolitanos na orla.
“Lá não tem metrô. O passageiro está sendo obrigado a fazer a interação. Na orla, já existem ônibus urbanos e eles não são concorrentes aos metropolitanos, porque fazem linhas que vêm de Itinga, Jauá, Abrantes, entre outros. Não tem necessidade de tirar da orla”, defendeu o administrador geral do Sindmetro, Mário Cléber, que destacou que a orla tem a circulação de 70 mil passageiros por dia.
O Sindmetro ainda afirmou ser contra a integração nos moldes que está sendo realizado. “Nós não vamos aceitar, e não é apenas pela demissão em massa. A tarifa da passagem não é suficiente para manter o transporte dos metropolitanos. Com a meia passagem, por exemplo, os metropolitanos ficam com apenas R$ 0,75 dos estudantes que pagam meia. Isso não dá para segurar uma frota. Os empresários estão ameaçando fazer demissões”, protestou.
O presidente do Sindicato dos Rodoviários do Estado da Bahia, Hélio Ferreira, afirmou que irá aguardar os estudos da tarifa para se posicionar a respeito mas que é contra a desativação de linhas de ônibus.
“Nós somos a favor da manutenção dos postos de trabalho através da readequação dos ônibus e distribuição adequada nos bairros. Nós não somos contra a integração porque não podemos ser contra novas tecnologias e melhoria no transporte de mobilidade, mas somos contra diminuição de ônibus e desativamento de linhas. Acredito que haja uma necessidade de mais carros para retirar os passageiros de dentro das estações [de metrô] para os bairros”, explicou Hélio Ferreira.
Demissões em massa
O diretor de Relações Institucionais do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Salvador (Setps), Jorge Castro, afirmou que a integração, nos termos que ocorre, irá causar demissões em massa. “É uma situação técnica e simples. Tanto na Região Metropolitana quanto em Salvador essas demissões irão ocorrer. Os ônibus da RMS, por exemplo, faziam o trajeto de Lauro de Freitas até o Terminal da França e agora vão poder ir até a Estação Mussurunga. Isso vai reduzir um terço do caminho e, óbvio, que a frota deverá ser reduzida”, explicou.
Em Salvador, a situação ocorrerá da mesma forma, de acordo com Castro. “A obrigatoriedade de não ter ônibus paralelamente ao metrô irá reduzir o número de ônibus, o que irá ocasionar em demissões. É uma questão muito técnica”, disse. O diretor afirma que todo o impasse é realizado por conta do acordo feito pelo governo com a empresa do metrô para que o metrô tenha a circulação de 500 mil pessoas por dia. “São 2 milhões de pagantes por dia. O que eles querem é quase impossível. Eles têm que encher de gente, senão a integração não dá certo. Essa questão ainda poderá gerar uma grande crise de transportes em Salvador", criticou.
O CORREIO procurou a Associação das Empresas de Transporte Coletivo Rodoviário do Estado da Bahia, mas não conseguiu contato até o fechamento da matéria.
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Redação iBahia
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