Manhã de sábado, sol tinindo, praia movimentada e, de repente, os barraqueiros de Piatã receberam uma visita surpresa e indesejada: os agentes de fiscalização da Secretaria Municipal da Ordem Pública (Semop). Eles percorreram a orla do bairro e foram apreendendo todas as irregularidades encontradas. O saldo foi: 243 cadeiras, 54 mesas, 18 sombreiros, 180 cocos, cinco espreguiçadeiras e mais de dez mil bebidas em lata, que estavam sendo fornecidas por um veículo que funcionava como depósito também de mesas e cadeiras para comercialização de ambulantes em atividade irregular. A ação integra a Operação Verão Praia Legal, que visa garantir a ordem do comércio informal no local, além do cumprimento de regras, como higiene e segurança.
Os agentes já chegaram ao local recolhendo várias mesas e cadeiras fora do padrão. “Os equipamentos devem ser padronizados: branco ou azul. O pessoal coloca várias cores e tamanhos diferentes, isso é o que vem sendo mais recorrente”, explicou o coordenador de Licenciamento e Fiscalização de Atividades (CLF/Semop), Glauco Bastos. Segundo ele, todos os barraqueiros já haviam sido notificados anteriormente. “Quando fazemos a apreensão em si é porque as notificações já foram feitas antes. Ninguém está aí inocente, colocando sem saber que não pode, todos têm consciência”, explicou o coordenador. O barraqueiro Adenilton Nascimento, 46 anos, que trabalha no local há 20 anos, teve algumas de suas cadeiras apreendidas. “Já tinha sido avisado que não podia, que só temos autorização para usar a do padrão, mas como tem muita gente nos fins de semana, a gente acaba botando”, justificou. “Todo mundo bota cadeira a mais e ainda falta, a demanda é muito grande. As 40 cadeiras permitidas não dá, não tem onde botar o turista. Idoso, por exemplo, não senta nessas cadeiras baixas”, alegou. A comerciante Marinalva Pinheiro, 53, também teve suas cadeiras vermelhas apreendidas. “Vou ficar usando banquinhos por enquanto. A cervejaria distribuiu 10 kits aqui e eu não fui contemplada. Estava trabalhando com esse material porque era o que eu tinha. Os clientes não querem sentar em banco, só em cadeira”, queixava-se. “A sensação é horrível. É daqui que a gente sobrevive, por isso botamos as cadeiras. Ninguém esperava a fiscalização hoje”, lamentou. A pensionista Eliana Barbosa, 58, que curtia praia, aprovou a iniciativa. “Acho correto. Tem que melhorar bastante o aspecto de nossas praias. A gente vai na orla de outros lugares do Brasil e é lindíssimo, tudo organizado, mas em Salvador é muito feio, um monte de sombreiro velho. Precisa ter um padrão, organizar pra ficar bonito”, disse. Para ela, tem que ter padrão tanto nas cores, como na quantidade também. “Tem cliente que não quer ficar na barraca, quer espaço”. A agente de fiscalização Zenildes Soares, 54, também reclamava. “Além dos kits, eles botam o dobro de cadeira. Aí não tem espaço para as crianças brincar nem botar uma piscininha, por exemplo. Fica difícil. Desse jeito não está dando nem condições para as pessoas trazerem sua canga, sua mesinha, cadeira”, disse Zenildes.
Barraqueiros tiveram mesas e cadeiras apreendidas (Foto: Marina Silva/Correio) |
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