Mesmo em obras é possível enxergar toda a história do Palacete Tira-Chapéu, localizado no Centro Histórico de Salvador. O edifício passa por restauro desde março de 2021, com a finalidade de ser mais uma opção para o soteropolitano na capital baiana.
Pertencente à Fera Investimentos, o local segue em trabalho de revitalização até o início de 2023 e pretende recuperar os detalhes da época clássica, que estavam danificados pelo tempo, para o imóvel que esteve por mais de 15 anos fechado, segundo Antonio Mazzafera, líder do grupo.
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Em entrevista ao iBahia, Paulo Marques, diretor da Fera Investimentos, falou sobre a importância do Palacete para a cidade de Salvador.
"Bem, a ideia do Palacete é que ele passa a ser um equipamento aberto ao público aqui na extremidade da Rua Chile. Enquanto em um em uma ponta da rua temos um polo de hotelaria e boutique nesta outra localidade a gente quer transformar num polo de gastronomia e entretenimento, justamente em um prédio secular como este construído em frente a primeira rua do Brasil, né? Que é a Rua Chile", iniciou.
"Eu acho que mais do que nunca sacramenta uma virada de chave, a Rua Chile, hoje, está se consolidando como um logradouro de charme, um logradouro onde você tem diversidade de opções. Eu acho que cria uma sinergia, um círculo virtuoso e o soteropolitano tem um papel fundamental nessa história que é de vir frequentar e usufruir deste espaço que antes de tudo é de Salvador, é da Bahia", finalizou.
História
O Palacete Tira-Chapéu é tombado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC-BA) e é um dos poucos imóveis que possuem estilo eclético na capital baiana. Em sua arquitetura podem ser identificados o estilo barroco, além do clássico.
Ele está localizado na Rua Chile, tida como a primeira do Brasil, construída em 1549, mas tendo trocado de nome para Chile em 1902. No mês de julho fazem 120 anos do local com a atual nomenclatura.
Em 1912, a rua foi alvo de bombardeio onde alguns edifícios importantes foram parcial ou inteiramente destruídos, como a Biblioteca Pública (atual Prefeitura de Salvador).
Entre 1930 e 1960, ela se tornou um centro de compras e lazer, onde existiram lojas conhecidas por toda a sociedade baiana como a "Chapelaria Mercuri", da bisavô de Daniela Mercury.
Em obras
Fazer o restauro de um prédio desse porte não é tarefa fácil. É necessário manter as características físicas mais importantes para a história do local ser contada para quem o frequenta.
As obras são feitas pela Elysium Sociedade Cultural, que é dedicada ao patrimônio material, com restauração e dinamização de edifícios, entre outros.
"Todas as coisas que a gente faz vai diferenciar de uma obra comum, todas as etapas aqui de escolha de cor, tipo do reboco, tudo tem que ser autorizado individualmente, são mais de trezentas autorizações, é por milímetro. Então, muitas vezes você pega uma arquitetura colonial e cada parede é única, cada artista foi um. Então, nesse caso, a complexidade de deslanchar a obra é maior", explicou o arquiteto Marcelo Safadi.
Mais um dos diferenciais da obra é o de restaurar a arte que estava escondida. Seja por pinturas nas paredes que haviam recebido tinta, ou mesmo os pisos originais de mosaico geométrico feito com pastilhas que, em algum momento, foi coberto.
"Quando a gente começou a descobrir essas coisas, nós mudamos o projeto inteiro de arquitetura, porque que aí não, o piso não vai ser aquele que a gente achou. E essa pintura? Uai, nós vamos manter essa pintura. Nós vamos manter essa pintura original, até porque a gente tem muita experiência também reusos, né? E aqui nós temos a pintura original, então essa experiência, a imersão no espaço é parte principal", explicou Marcelo.
"Resgatar o patrimônio dessa forma, tem valor econômico, né? Isso talvez estimule mais pessoas que são proprietários de prédios antigos que ao invés de demolir para fazer um novo, aproveitem o antigo edifício para um novo uso. Que é uma coisa que acontece mais comumente na Europa, mas que começa a acontecer também no Brasil", finalizou o arquiteto.
Retorno para a população
Como parte do lançamento parcial do restauro do Palacete Tira-Chapéu, uma exposição marca o início das interações com o público. Cerca de R$9,6 bilhões foram captados com empresas privadas por meio da Lei Rouanet para a obra, que também terá impacto social na capital baiana.
Além de programa de estágio com estudantes da UFBA e concurso de design com premiação que já estão em andamento, o projeto contará com exposição gratuita para a população.
Intitulada “Rua Chile e o Palacete Tira-Chapéu – 120 anos de História”, ela abre as portas no dia 13 de julho e segue até 11 de agosto com uma instalação de painéis que mostram episódios marcantes da Rua Chile, importância do Palacete e outras informações sobre o centro histórico de Salvador.
Os visitantes ainda poderão conhecer achados do restauro como objetos históricos, além de ver o Salão Chile em uma visita guiada. A exposição estará aberta de segunda a sexta, das 9h às 12h e das 14h
às 17h, e aos sábados das 9h até as 12h.
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Lucas Mascarenhas
Lucas Mascarenhas
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