A situação não está nada fácil para o Ilê Aiyê. Na 38ª Noite da Beleza Negra, que aconteceu neste sábado (4), o fundador e presidente do bloco, Antônio Carlos dos Santos, o Vovô do Ilê, se pronunciou sobre o momento que a instituição passa. Na ocasião, ele criticou as grandes empresas, que não apoiam o bloco. "Não existe crise de agora. [Pro povo negro] Ela existe há 500 anos, quando o primeiro negro escravizado pisou no Brasil", afirmou.
Segundo Vovô, para branco sempre tem espaço. "Cadê as grandes cervejarias, aqui?", questionou ele, à repórter do CORREIO. "Nós também somos ótimos consumidores. Para branco sempre tem espaço. Por quê não para a gente? Por quê só Nego do Borel e Karol Conka, artistas que são do Sul, têm espaço?", indagou.
"As pessoas estavam me recomendando que não falasse sobre isso, mas não posso deixar de falar. O Ilê está cheio de problemas. A Petrobras está nos devendo. Eu não estou na Lava Jato. O Ilê não está na Lava Jato. O dinheiro sai pelas tubulações. Não é só problema do Ilê Aiyê. É problema dos projetos sociais que eles estão querendo justificar", afirmou ele sobre as dívidas do bloco, que chegam a R$ 600 mil. Só a Petrobras deve cerca de R$ 400 mil ao Ilê. Esta prevista para esta segunda-feira (06) uma reunião do Ilê com a estatal. O CORREIO entrou em contato com a Petrobras, mas até a publicação dessa reportagem mas não houve êxito.
A festa de ontem, inclusive, ocorreu graças ao trabalho voluntário, inclusive de artistas como Daniela Mercury, que não cobrou cachê. Elísio Lopes Jr., que dirigiu a cerimônia, também não foi remunerado. "Eu só tenho a agradecer a nossa teimosia. A teimosia da minha diretoria. Agradecer a esse povo que faz o Ilê que você não vê. São as costureiras, o pessoal que cuida da sede. A toda equipe que se prontificou a acompanhar essa maluquice. A Denise (Correia), a Daniela (Mercury)...", agradeceu Vovô. "Isso quer dizer que é possível. Nós também podemos", completou.
Vovô criticou ainda a distribuição de cortesias para a festa. "Nós somos maioria nessa terra, pessoal. Nós somos nossos patrocinadores. A casa está cheia, mas ainda tem muita cortesia. As pessoas tem que parar com esse negócio de cortesia. Somos negros, todo mundo ama o Ilê Aiyê, é muito bonito o trabalho social, fazer filantropia, mas tem que ter dinheiro", declarou.
A atriz e apresentadora Regina Casé, que marcou presença no evento, ressaltou que não só as empresas, mas todo mundo deveria apoiar os blocos afro. "Sem eles não teria esse batuque, esse ritmo. Eles foram precursores de muita coisa".
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Redação iBahia
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