Vinte e cinco dias atrás, quando saiu de casa para patinar no bairro do Rio Vermelho, em Salvador, Wesley Nascimento, de 29 anos, não imaginava que iria ter a vida completamente mudada por um grave acidente. Depois de perder o controle dos patins em uma ladeira, o jovem bateu em um ônibus, foi atropelado pelo coletivo e acabou perdendo a perna esquerda em decorrência dos ferimentos.
"A perna esquerda passou por duas cirurgias e não consegui mantê-la. A direita podemos chamar de milagre. Se os médicos não tivessem sido tão rápidos, eu teria morrido, porque a artéria se rompeu", contou Wesley em entrevista ao iBahia.
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A situação aconteceu no dia 11 de agosto. Wesley conta que o motorista do ônibus foi embora do local sem prestar socorro. No meio da confusão, o patinador ainda teve o celular furtado. O caso foi registrado na 7ª Delegacia Territorial (DT/Rio Vermelho) e está sob investigação. Abalado, o jovem ainda se recupera, enquanto tenta resolver os problemas provocados pelo acidente e busca por justiça.
"O impacto foi forte. O motorista sentiu a batida, sentiu o impacto e mesmo assim não prestou socorro", relatou.
Wesley teve alta do Hospital Geral do Estado (HGE) no último domingo (4), 24 dias após ser atropelado. Entre as coisas que têm preocupado o patinador, está a situação financeira da família, agora que ele precisa de repouso e não pode seguir com a rotina de trabalho que tinha antes, quando chegava a caminhar até 7 km por dia vendendo doces no centro da cidade.
"Tem sido muito ansioso. Eu era uma pessoa muito ativa. Eu trabalhava com venda de sobremesas, na Avenida Joana Angélica. Andava 7km. Agora, é repouso absoluto. Eu preciso de ocupação pra minha mente", desabafou.
Wesley é natural de Santos, em São Paulo, e está na capital baiana há 8 anos, sendo 4 deles com a esposa, Maria Clara. O casal mora em Nazaré com dois filhos, sendo uma menina de 9 anos e um menino de 4 anos. O garoto é adotado e vive com a família há apenas 4 meses.
Atualmente, a esposa de Wesley está de licença maternidade por causa da adoção, mas em outubro voltará ao trabalho de farmacêutica, e essa deve ser a única fonte de renda fixa da família por um tempo ainda indeterminado.
Com o objetivo de ajudar o casal, familiares, amigos e clientes criaram e têm divulgado uma campanha nas redes sociais para arrecadar dinheiro. Ao iBahia, o patinador disse que ficou surpreso com a movimentação das pessoas para ajudá-lo e que isso tem dado forças no processo de recuperação e superação.
"Tem muita gente envolvida. O retorno da galera foi muito forte. Amigos, clientes, esposa. Foi o que me manteve com a mente muito equilibrada", disse Wesley.
Nas redes sociais, Wesley e a esposa têm postado informações para atualizar amigos e clientes sobre o processo de volta para casa. Em um vídeo postado no domingo, o patinador comemorou a alta médica e mostrou o reencontro com os filhos no lar da família.
"Foram 23 dias, sendo 15 dias na UTI [Unidade de Terapia Intensiva], cheguei praticamente morto no hospital por conta da artéria rompida, 4 cirurgias, uma intubação, muitas dores, mas como tudo tem um começo, meio e fim, o fim foi desse ciclo foi repleto de alegria, onde hoje, 04/09/2022, estou de volta para casa, com minha família", escreveu.
Em nota, a Polícia Civil informou que as imagens de câmeras de segurança da região onde aconteceu o acidente já estão sendo analisadas pela 7ª DT, para ajudar na identificação do motorista e de quem furtou o smartphone. No entanto, não há ainda detalhes sobre o caso.
Já o Consórcio Integra, que é apontado por Wesley como responsável pelo coletivo que o atropelou, informou que nenhuma das duas empresas do grupo tem registro desta ocorrência, e disse que pode ter sido de alguma outra empresa.
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Alan Oliveira
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