As mortes na comunidade da Gamboa, em Salvador, no dia 1º de março, seguem em investigação e pelo menos três pessoas deixaram de prestar depoimento sobre a operação policial por medo de represália. A informação foi coletada pela Defensoria Pública do Estado da Bahia (DPE/BA) com representantes da comunidade e Ongs.
De acordo com Wagner Moreira, representante da ONG IDEAS – Assessoria Popular, que tem articulado iniciativas junto à comunidade da Gamboa para promover agendas que garantam a elucidação do caso e a punição dos responsáveis, foram ao menos dois episódios de ameaças.
“O primeiro incidente foi no próprio dia do ocorrido quando os policiais voltaram com o departamento técnico para perícia no local e intimidaram os moradores que presenciaram o ocorrido com gestos simulados de degola. O segundo veio dias depois com um carro à paisana que disparou tiros para cima e falas que provocaram a comunidade como ‘quero ver agora se vocês vão chamar a mídia’, entre outros”, explicou Wagner Moreira.
As testemunhas foram escutadas na sede da Secretaria Estadual de Segurança Pública, por determinação do secretário Ricardo Mandarino, que designou também um delegado para estar a cargo exclusivo do processo. Foram cinco pessoas escutadas, entre familiares das vítimas e observadores oculares da ocorrência. As oitivas foram encerradas no último dia 16. Todos os depoimentos foram acompanhados pela DPE.
Entre os depoentes está Silvana Santos, mãe de Alexandre Santos, 20 anos, um dos mortos na operação. Ela relata que chegou a ver Alexandre vivo antes dos policiais envolvidos a expulsarem da cena do crime.
"Minha filha de 18 anos não consegue sair de casa com medo e está recebendo acompanhamento psicológico. A gente se sente com medo, porque eles são polícia e nós não somos nada para eles”, desabafou Silvana.
Entenda o caso
No dia 1º de março três pessoas foram mortas na comunidade da Gamboa, localizada na Avenida Contorno, durante uma ação da polícia.
Os moradores da comunidade acusam os policiais de terem chegado atirando e usado gás lacrimogêneo, durante a madrugada, por volta das 2h. Inicialmente, a informação era que apenas uma das vítimas havia morrido. No entanto, a PM confirmou que três pessoas morreram na ação.
Por conta do ocorrido, os moradores da localidade realizaram um protesto na manhã desta terça. Os populares fecharam os acessos à Avenida Contorno, tanto sentido Cidade Baixa quanto sentido Vale do Canela e chegaram a atear fogo em objetos no meio da via.
A Polícia afirma que os agentes foram recebidos com tiro ao entrarem na comunidade. Conforme nota da corporação, após revide e posterior progressão no terreno, as equipes encontraram três homens caídos ao solo em posse de armas de fogo e drogas. Já os outros suspeitos conseguiram fugir.
De acordo com a PM, cerca de 10 policiais estavam envolvidos na ação. As equipes encontraram no local e apreenderam relógio, três armas, drogas, mochila e balança de precisão.
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Redação iBahia
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