O calçadão da Barra, um dos pontos mais procurados pelos soteropolitanos para caminhar ou correr, recebeu nota 10 no "Levantamento Calçadas do Brasil", divulgado nesta quinta-feira (26) pelo movimento Mobilize Brasil. A calçada, situada na Avenida Oceânica, ocupa o topo do ranking, junto com a Av. Faria Lima, em São Paulo. O levantamento averigou as condições das calçadas em pontos-chave de 12 capitais brasileiras (Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Goiânia, Brasília, Salvador, Fortaleza, Natal, Recife e Manaus). Mas não há apenas motivos para comemorar. As quatro calçadas com as piores notas do estudo também estão situadas na capital baiana. A Ladeira da Fonte, que dá acesso à Arena Fonte Nova, foi considerada a pior entre as capitais pesquisadas com média 0,25. Em seguida, estão as calçadas da Rua Regis Pacheco, no bairro Uruguai, da Avenida Vasco da Gama e da Avenida Afrânio Peixoto (Av. Suburbana). Os passeios foram avaliados, respectivamente, com nota 0,63, 1,13 e 1,25. Veja também Caminhar em Salvador: uma aula de equilibrismo Top 10: os melhores lugares para prática da corrida em Salvador Além do ranking entre as capitais, o levantamento do Mobilize Brasil também descreveu a situação das calçadas em todos os locais avaliados. Em Salvador, 13 áreas foram analisadas: Corredor da Vitória, Avenida Suburbana, Avenida Joana Angélica, Ladeira da Fonte, Rua Conselheiro Junqueira Ayres, Calçadão da Barra, Largo da Calçada, Orla de São Tomé de Paripe, Avenida Vasco da Gama, Ladeira dos Barris, Rua Benjamin de Souza, Rua do Hospital Geral do Estado e Rua Régis Pacheco.
Confira as condições destas áreas, de acordo com o Levantamento Calçadas do Brasil Corredor da Vitória (Média 8,00)Área nobre da cidade, o corredor tem as calçadas com pedras portuguesas mais bem cuidadas da capital baiana e charmosa arborização. Apesar do zelo com a estrutura, em alguns trechos, identificam-se falhas no equipamento como buracos e pedras soltas. Avenida Afrânio Peixoto (Av. Suburbana) (Média 1,25)Conhecida como Suburbana, a avenida tem ocupação permanente das calçadas com sucatas dos estabelecimentos de ferro-velho em determinados trechos, o que impede a passagem de transeuntes. Calçadas sem nenhuma conservação, ausência de rampas de acessibilidade e de sinalização. Avenida Joana Angélica (Média 8,50)Calçada com acessibilidade para deficientes visuais, no trecho entre o Ministério Público estadual e a Escola Baiana de Engenharia. Ladeira da Fonte (Arena Fonte Nova) (Média 0,25)Localizada no entorno da Arena Fonte Nova, futuro palco da Copa de 2014, a calçada tem buracos e pedras soltas e buracos no caminho dos pedestres. Não há rampas nem qualquer equipamento provisório para facilitar a passagem dos transeuntes. Rua Conselheiro Junqueira Ayres (Centro) (Média 5,88)Corredor histórico entre duas ruas comerciais da cidade, a calçada é estreita, cheia de degraus e sem qualquer recurso de acessibilidade. Calçadão da Barra (Avenida Oceânica) (Média 10)Reformado em 2008, quando mosaico de pedras portuguesas foram substituídas por piso de concreto. Apesar da perda visual, o espaço ganhou mais conforto, segurança e acessibilidade. Largo da Calçada (Cidade Baixa) (Média 4,00)Local não faz jus ao nome. Pedestres transitam em meio aos carros porque as calçadas são ocupadas por ambulantes, além de apresentar infraestrutura deficiente: piso irregular, desnivelado, sem rampas ou qualquer sinalização. Orla de São Tomé de Paripe (Subúrbio Ferroviário) (Média 7,38)Calçada beira-mar, muito frequentada. Calçada arborizada com rampas de acessibilidade. Mas apresenta algumas fissuras e buracos em sua extensão. Avenida Vasco da Gama (Média 1,13)Uma das mais movimentadas da cidade, tem trechos com "calçada" de 36 cm, o que obriga transeuntes a circularem pela via, com riscos de acidentes. Ladeira dos Barris (Centro) (Média 3,25)Rua histórica, com calçada de 96 cm e postes, o que impede a circulação de cadeirantes e mesmo de pessoas idosas. Os pedestres circulam pela pista, especialmente nos horários de pico. Rua Benjamin de Souza (São Tomé de Paripe) (Média 2,50)Calçamento irregular e passeio estreito com 1 metro de largura, além da presença de obstáculos e postes. Ausência de rampas de acessibilidade. Rua do Hospital Geral do Estado (Média 7,13)Local da maior unidade hospitalar da Bahia. Calçadas arborizadas e acessibilidade implantada, mas o pavimento é estreito e tem falhas, como rachaduras. Rua Régis Pacheco (Cidade Baixa) (Média 0,63)Calçadas estreitas, com entradas de carro, pavimento com rachaduras e sem padrão. Ausência de sinalização e de rampas para acessibilidade. Pontos de ônibus e interferências do comércio impedem a circulação de pedestres. O LevantamentoRealizado entre fevereiro e abril deste ano, o Levantamento Calçadas do Brasil avaliou ruas e áreas com alta circulação de pedestres, como estações de transporte e nas imediações de ruas comerciais e hospitais. O estudo buscou reunir dados que podem ser observados por qualquer um que caminhe e observe o ambiente urbano à sua volta. Todas as regiões analisadas têm urbanização acima de 50 anos e já foram alvo de processos de renovação de infraestrutura. As irregularidades no piso, a largura mínima de 1,20 m (conforme norma ABNT), degraus que dificultam a circulação, existência de rampas de acessibilidade, iluminação adequada da calçada, sinalização para pedestres, paisagismo para proteção e conforto, e outros obstáculos, a exemplo de postes, telefones públicos, lixeiras, bancas de ambulantes e de jornais e entulhos foram indicadores avaliados com nota de zero a dez na pesquisa. Por exigir condições técnicas não disponíveis, outros indicadores de conforto para o pedestre não foram observados, a exemplo da poluição atmosférica e do nível de ruído. Nas 12 capitaisO levantamento revela que há uma grande desigualdade entre regiões e bairros nas 12 capitais brasileiras pesquisadas. Um exemplo é a capital baiana, que recebeu a melhor nota no Calçadão da Barra e a pior na Ladeira da Fonte. Além disso, de uma forma geral, há um certo descaso das autoridades em relação à conservação das calçadas, sobretudo devido as obras frequentementes feitas por concessionárias de serviços de água, gás, energia e telefonia, de acordo com o estudo. Depois da execução do serviço, a restauração seguindo o padrão de qualidade original é raramente realizada, provocando desnivelamentos, buracos abandonados e cicatrizes. O estudo concluiu que, em todas as capitais brasileiras estudadas, buracos, imperfeições nos pavimentos, remendos provocados por serviços de concessionárias, falta de rampas de acessibilidade, degraus e obstáculos que impedem a livre circulação de pedestres e cadeirantes são problemas comuns. Portanto, nenhuma das 12 cidades pode ser tida como exemplar em relação às condições das calçadas. O levantamento é o primeiro passo para a campanha Calçadas do Brasil, iniciativa do Mobilize para estimular a melhoria das calçadas de todo o país. De acordo com dados de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 30% das viagens cotidianas são realizadas a pé no Brasil, o que é motivado pelo alto custo do tranporte público. “Além da importância para o transporte, as calçadas funcionam também como um sensor da qualidade de urbanização de uma cidade. Alguns pensadores afirmam que se pode medir o nível de civilização de um povo pela qualidade das calçadas de suas cidades. E há quem diga que as calçadas são melhor indicador de desenvolvimento humano do que o próprio IDH”, afirma o coordenador do levantamento, Marcos de Sousa. Segundo ele, as calçadas de boa qualidade são um equipamento fundamental para a mobilidade urbana sustentável.
O calçadão da Barra é um dos locais mais procurados pelo soteropolitano para caminhar |
Veja também:
Leia também:
AUTOR
AUTOR
Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!
Acesse a comunidade