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Piloto não tinha como ejetar da aeronave, explica acrobata aéreo

O piloto participava de uma apresentação da Esquadrilha Textor Air Show, no Farol da Barra, quando a aeronave que pilotava caiu

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03/11/2015 às 8:43 • Atualizada em 30/08/2022 às 3:00 - há XX semanas
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A última manobra de acrobacia aérea realizada pelo piloto Robson André Textor, 30 anos, enquanto era assistido por centenas de pessoas no Farol da Barra, no último sábado, se chama Tumble. Na prática, é uma espécie de “corridinha”, seguida por um tropeção que vai levar a uma cambalhota. Só que, no meio desse movimento, algo deu errado. E, na opinião do presidente do Comitê Brasileiro de Acrobacia e Competições Aéreas (CBA), Luiz Carlos Basson Dell’Aglio, André – como o piloto era mais conhecido – pouco poderia fazer para evitar que a tragédia acontecesse. “É uma manobra com um grau de dificuldade 8, numa escala de 0 a 10. Mas vi André fazer mais de 50 vezes”. O piloto participava de uma apresentação da Esquadrilha Textor Air Show, no Farol da Barra, em um evento promovido pela Base Aérea de Salvador em comemoração ao Dia do Aviador e ao Mês da Asa, quando a aeronave que pilotava caiu. Ele chegou a ser socorrido, mas morreu no Hospital Português. “As imagens sugerem que houve um travamento no leme do avião. O leme é comandado por um cabo no pedal dentro da cabine. Entre o pé e o leme pode ter havido alguma coisa que tirou esse comando. E o piloto não tem o que fazer até identificar isso”, explica. Só que, como a aeronave de André não estava a uma altitude considerada elevada – ele estava a pouco mais de mil pés (300 metros) – seria muito difícil identificar o problema a tempo de resolvê-lo. “Isso é uma tragédia, tem pouca possibilidade de destravamento. Tenho um amigo que teve problema de travamento e conseguiu pousar, mas o avião estava normal, não estava fazendo manobra acrobática”. Paraquedas Para Dell Aglio, as imagens indicam até que André pode ter tentado destravar o leme – já que, em um dos momentos, a aeronave parece voar de lado. Isso explicaria também o motivo de ele não ter utilizado o paraquedas. O equipamento foi encontrado próximo à aeronave, como se o pilotinho – o “miniparaquedas” que, acionado, infla e arrasta o paraquedas principal – tivesse sido acionado. “Faço essa manobra (Tumble) e, com certeza, eu estaria fazendo algo para tirar o avião daquela posição (em vez de tentar o paraquedas)”. O paraquedas, nesse caso, provavelmente seria inútil. Diferentemente dos aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) e da Esquadrilha da Fumaça, que têm um botão que basta o piloto acionar para ser ejetado da aeronave, os aviões de acrobacia leve não possuem esse sistema e, para que o piloto tenha tempo de soltar o cinto, abrir o cockpit e saltar da aeronave, é preciso estar, pelo menos, a 3 mil pés de altitude (900 metros). “Foi uma fatalidade e, quando há uma coisa assim, você não consegue tirar rapidamente”. A diferença acontece porque aviões de acrobacia precisam ser leves, pesando, no máximo 800 kg – foi divulgado que o Slick 540 de André pesava 745 kg. Além disso, só o sistema de ejeção pode custar tanto ou mais que um avião de acrobacia: em média, US$ 200 mil. O Slick 540 é um avião produzido na África do Sul. Lá, há entre dez e 12 unidades, assim como nos Estados Unidos. “Esse avião dele era top de potência de motor. Aqui no Brasil, só existe mais um da mes ma marca, mas não era o mesmo modelo, tem uma potência menor”. Além da esquadrilha, a família Textor tem uma empresa de aviação agrícola. André, que é engenheiro agrônomo, trabalhava apagando incêndios florestais. Investigações As investigações para identificar as causas do acidente não têm prazo para conclusão, segundo a Aeronáutica. Uma equipe do 2º Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos é responsável pela condução dos trabalhos. Hoje, está prevista uma reunião com representantes da FAB, da Marinha e do Corpo de Bombeiros, para discutir a retirada da aeronave do mar. A previsão é que, depois disso, ela seja levada para a Base Aérea. Desde domingo, uma equipe da Marinha está no local onde o avião caiu, para preservar o que restou. Partes da aeronave que se desprenderam foram encontradas perto no Porto da Barra. Elas foram recolhidas por mergulhadores da escola Submerso Esportes Aquáticos e estão na sede da Capitania dos Portos. Também hoje, deve acontecer o segundo mergulho conduzido pela Submerso, de acordo com o sócio da escola Robson Oliveira. “Primeiro, mergulhamos para localizar a aeronave, agora para ver que equipamentos vamos usar para levar para cima. Acredito que (a retirada) vai durar uma manhã inteira”. André já tinha feito mais de 350 apresentações no Brasil. Este ano, foi campeão brasileiro de acrobacia, na categoria Advanced e sonhava em conquistar o título mundial. Ele planejava passar o feriado na Bahia – a família alugou uma casa em Morro de São Paulo, no Sul do estado, e deveria ficar lá até ontem. André era casado com Marília Textor. Os dois estavam juntos há 16 anos e tinham uma filha de 2 anos. Além disso, Marília está grávida de sete meses.
Correio24horas

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