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Polícia distribui almanaque com imagens para capturar homicidas

Com almanaque, polícia vai atrás dos homicidas mais procurados da cidade

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23/03/2014 às 10:18 • Atualizada em 31/08/2022 às 4:52 - há XX semanas
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Ele nasceu em Salvador, tem 24 anos, olhos castanhos, cabelo crespo, 1,72 m de altura e circula pela Mata Escura. Foi batizado como Vicente Lucas Santos do Espírito Santo. Na criminalidade, virou Dente de Prata. Seu currículo: é autor de pelo menos dez assassinatos. Procurado pela polícia, Dente já garantiu um lugar só para ele. Sua ficha é uma das 50 que compõem o Almanaque do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), criado para auxiliar na captura dos maiores homicidas da capital baiana.

Vicente do Espírito Santo, o Dente de Prata, que atua na Mata Escura, é apontado como autor de pelo menos dez homicídios, assim como os outros 49 bandidos do almanaque

O livreto foi lançado no Carnaval e, segundo o delegado Jorge Figueiredo, diretor do DHPP, já está espalhado por todas as unidades de Salvador, incluindo as polícias Civil e Militar. Assim, as informações sobre os procurados, todos com mandado de prisão em aberto, ficam disponíveis para qualquer necessidade. “Notamos que, em boa parte dos inquéritos, havia indícios da participação dos mesmos indivíduos. Há os casos isolados, mas há casos em que o autor se repete. O almanaque foca nisso, porque esses caras não podem circular na sociedade. Esses vão matar sempre”, diz Figueiredo, idealizador da publicação — que será atualizada periodicamente.
Diferentemente do Baralho do Crime, que engloba procurados por todo tipo de modalidade criminosa e fica disponível para a população no site do Disque Denúncia (www.disquedenuncia.org), o almanaque dos matadores é, de antemão, para uso exclusivo da polícia.
“É por uma questão de estratégia. Nós recebemos muita ajuda todos os dias, através do Disque Denúncia e da ouvidoria, mas, por enquanto, vamos manter esta lista no âmbito da polícia, até para não chamar atenção dos bandidos”, explica o diretor do DHPP.

Anderson Costa dos Santos, 27 anos, o Olho de Gato (esq.) e José Roque Paixão de Jesus, 29 anos, o Ninho (dir.)

Estudo Para definir os nomes que integram a primeira edição do almanaque, mais de 500 inquéritos de homicídios dos últimos quatro anos passaram por análise. Então, foram filtrados os indícios de autoria. Depois, as informações foram cruzadas com um banco que reúne dados do DHPP e do Departamento de Narcóticos (Denarc).
Jorge Figueiredo afirma que todos os procurados do almanaque têm ligação direta ou indireta com o tráfico de drogas, por isso a relevância da integração entre os dois departamentos. “O homicida não mata todo dia. Ele mata alguém hoje, mata de novo depois de uma semana e por aí vai. Já o tráfico não para. Se o traficante parar por três dias, perde espaço. Então, às vezes, na investigação de uma morte, a gente chega no assassino se chegar em quem vende drogas na área. É tudo vinculado”, diz Figueiredo, que dirigiu o Denarc antes do DHPP.
Entre os procurados impressos no Almanaque do DHPP, todos têm passagem pela polícia. Nenhum deles já teve vínculo empregatício ou residência fixa. Cada um dos 50 listados, garante Jorge Figueiredo, é responsável por um mínimo de dez mortes. Alguns, por pelo menos 20.
Procurados Além da ficha de Dente de Prata, o CORREIO teve acesso às páginas de mais dois bandidos encartados: Anderson Costa dos Santos, o Olho de Gato, 27, e José Roque Paixão de Jesus, o Ninho, 29. De acordo com a polícia, Dente de Prata está envolvido na disputa territorial entre traficantes da Mata Escura que, somente este ano, já resultou em pelo menos dez mortes, entre elas a da garota Lorena Moreira dos Santos, 12, atingida por bala perdida no dia 8 de fevereiro.
No Almanaque do DHPP, constam três mandados de prisão em aberto contra ele: um de dezembro de 2012, outro de janeiro de 2013 e um último de julho do mesmo ano. Olho de Gato, por sua vez, é tido como um matador temido pelos moradores do bairro de Tancredo Neves. Apontado como chefe do comércio de drogas nas localidades do Canal e Arenoso, o bandido carrega em sua ficha do almanaque um mandado de prisão expedido em 11 de junho de 2012, ainda à espera de execução.
Já Ninho atua no Uruguai, mais especificamente na área da Rua 6 de Janeiro. Em sua ficha, constam dois mandados de prisão do ano passado, sendo um do dia 3 de abril e outro de 7 de junho.
Ele é filho do policial militar reformado José Roque de Oliveira de Jesus, preso com mais dez acusados de tráfico numa operação realizada em maio do ano passado.

Jorge Figueiredo, diretor do DHPP, é o idealizador do almanaque
Foto: Robson Mendes

Departamento de Homicídios cria grupo tático para realizar prisões Antes de virar uma publicação periódica que vai circular entre as polícias Civil e Militar, o Almanaque do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) foi elaborado para munir de informações uma equipe de operações especiais criada dentro da unidade pelo diretor Jorge Figueiredo. Trata-se do Grupo de Apreensão e Captura (Grac), que conta com 16 policiais, entre delegados e investigadores especializados em ações táticas. Os membros do Grac, explica Figueiredo, não conduzem investigações, não instauram inquéritos ou tomam depoimentos de suspeitos e testemunhas. Trabalham soltos. A função deles é uma só: prender assassinos. “Boa parte desse grupo é formada por policiais que passaram pela Coordenadoria de Operações Especiais (COE). Eles têm a doutrina da incursão, de abordagem, são preparados para isso. Realizar operação é muito diferente de tocar uma investigação. Preciso desses caras soltos na rua, atrás dos homicidas”, diz o diretor. Os integrantes do Grac atuam em duas frentes: tentativa de prisão em flagrante, quando saem à procura dos suspeitos logo após o crime, ou cumprimento de mandado, quando preparam operações de busca baseados nos dados do almanaque e em informações reunidas pelo Núcleo de Inteligência. Entre as prisões efetuadas pelo Grac estão a de Augusto Santos Vilas Boas e Cleibson Barreto Oliveira, matadores profissionais que executaram dois homens na Praça da Piedade, em maio do ano passado, a mando do traficante Val Bandeira, que ordenou o duplo assassinato de dentro da Unidade Especial Disciplinar (UED), no Complexo Penitenciário da Mata Escura. Além de participar das ações tático-operacionais do DHPP, os integrantes do Grac dão treinamento para outros policiais do departamento e são os responsáveis pela manutenção das armas da unidade. No almanaque, assassino preso mostra orgulhoDesde sexta-feira, o Almanaque do DHPP já tem pelo menos uma página que precisa ser trocada. Bruno Dória de Jesus, o Bruno Ranço, 24 anos, que estava entre os 50 assassinos mais procurados de Salvador, foi preso, anteontem, junto com o comparsa Bruno Sarmento Lima, o Bruninho Gogoboy, 23. Detido, Ranço admitiu oito homicídios. Entre eles, o dos irmãos Jéssica Maria Santos, 21 anos, e Elton Santos da Silva, 17, executados dentro de casa, na Rua Três Amigos, na Mata Escura, no dia 14 deste mês. “Eu mato sem gasolina. O carro não precisa de gasolina para andar? Eu vou sem nada, sem gasolina, sem freio, eu sou barril”, disse um orgulhoso Ranço, ao ser apresentado pela polícia. De acordo com os investigadores, ele planejava para ontem um ataque a uma quadrilha de traficantes rivais, na disputa pelo poder na Mata Escura. Matéria original: Jornal Correio Polícia distribui almanaque com imagens e dados para capturar 50 homicidas mais procurados

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