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SALVADOR

Prefeito arruma gavetas e tira projetos que nunca saíram do papel

Na reta final do mandato, parece que o prefeito João Henrique já começou a arrumar as gavetas. De lá, tirou alguns projetos que, se tivessem saído do papel, fariam bem à cidade

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17/04/2012 às 8:18 • Atualizada em 28/08/2022 às 4:01 - há XX semanas
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Que tal a construção de complexos de viadutos nos 14 pontos críticos do trânsito da cidade? Ou a construção de duas grandes avenidas para desafogar a Paralela? E uma estação da Lapa novinha? Tudo isso já foi planejado e apresentado à população de Salvador, mas nunca saiu do papel. Nesta segunda (16), em palestra sobre mobilidade urbana na sede da Federação das Indústrias da Bahia (Fieb), o prefeito João Henrique (PP) lembrou cada um dos projetos. “São projetos que já estão prontos e que não dá tempo de fazer nesta gestão, mas ficam aí para o novo prefeito”, diz. Por enquanto só dá para apreciar os desenhos, engavetados na Fundação Mário Leal Ferreira. Entre as propostas está o pacote de obras Salvador: Capital Mundial, lançado em janeiro de 2010. Na época, João Henrique disse que as 20 ideias iriam “projetar a Salvador do futuro”. Passados mais de dois anos, o futuro ainda não chegou. Veja também: Se as promessas forem cumpridas, veja como será a Salvador do futuro No pacote estão a Linha Viva e a Avenida Atlântica, vias paralelas à Avenida Paralela cujos projetos foram expostos até em maquete num grande shopping. Se sair do papel, a Linha Viva terá 18 quilômetros, entre a Bonocô e o aeroporto. No momento, está sendo concluído o projeto executivo que embasará a licitação, definindo se a execução será através de concessão ou de uma Parceria Público Privada (PPP). Já a Avenida Atlântica terá 14,6 quilômetros, da Avenida Luis Eduardo Magalhães até a Dorival Caymmi. O projeto prevê uma ponte sobre o Parque de Pituaçu, mas a obra teve o processo de licenciamento ambiental suspenso em 2011 porque o Ministério Público Estadual (MPE) pedia que a prefeitura delimitasse o Parque Ambiental do Vale Encantado antes de construir a via. Mas, antes da delimitação, parte do parque foi extinta no momento em que os vereadores aprovaram a revisão da Lei de Uso do Solo, no final do ano. Segundo a Secretaria de Comunicação, a pretensão é tornar a área uma Zona de Proteção Ambiental (ZPA). Durante o debate, o prefeito defendeu a construção das duas vias. “Quando se fala nas duas avenidas, os ambientalistas dizem que não é possível. Não é possível é ficar duas horas paralisado na Paralela”, argumentou o prefeito. Também em 2010, a prefeitura apresentou um projeto que previa a implantação do sistema BRT (vias exclusivas para ônibus articulados) e intervenções viárias em toda a cidade (ver quadro). O projeto total (com o BRT) previa gastos em R$ 2,5 bilhões. O governo estadual optou pela implantação de metrô na Paralela e nada andou. LapaEm abril de 2010, o jornal CORREIO noticiou a ida de João Henrique a Brasília em busca de recursos para a reforma da Estação da Lapa, orçada em R$ 26,4 milhões. O prefeito não conseguiu financiamento e, no início deste ano, com o estado precário do terminal, a prefeitura foi obrigada a abrir o cofre e gastar R$ 5 milhões. Em andamento, a reforma emergencial prevê a troca de piso, reforma dos banheiros e impermeabilização das coberturas.
Também citada pelo prefeito em sua palestra, a revitalização do Centro Antigo da capital baiana começou a ser discutida em 2007. Na época, foi criado um Grupo de Trabalho (GT) com representantes do poder público, comerciantes e sociedade civil para discutir propostas que visavam mais espaço ao pedestre, acessibilidade para pessoas com deficiência e melhoria do comércio. IdeiasEm novembro de 2008, a prefeitura anunciou um investimento de R$ 28 milhões para essas obras. Entre as intervenções previstas estavam a criação de um novo bairro, o Santa Tereza, entre a Avenida Contorno e a Avenida Carlos Gomes, até o Largo Dois de Julho. A ideia seria valorizar a região do Museu de Arte Sacra e da casa de Castro Alves, que são pontos de apelo turístico, além de criar uma identidade para a região. “Atualmente, as pessoas não sabem que bairro é aquele. Se você mora no Areal de Cima, no Areal de Baixo, mora em que bairro?”, destacou o chefe de gabinete da Fundação Mário Leal, Armando Carneiro da Rocha Neto. A ideia encontra resistência no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e, também, nunca avançou. Urbanista critica projetosA prioridade no investimento em obras viárias é criticada pelo professor de Urbanismo da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) Jorge Glauco Costa Nascimento, também membro do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam). “Mais que abrir vias, construir viadutos, a gente tinha que pensar em sistema de transporte coletivo. Até quando vamos ficar abrindo, alargando pistas, favorecendo transporte individual em detrimento do coletivo? O sistema de transporte coletivo está emperrado”, avaliou. Na visão de Nascimento, viabilizar alternativas de transporte público nas regiões mais populosas da cidade beneficiará um maior contingente da população. “A Avenida Atlântica, por exemplo, afeta uma elite intelectual e financeira da cidade, mas que sofre menos com o trânsito. E em Cajazeiras, e na Avenida Suburbana? Ali é que estão os grandes gargalos da cidade, onde tem um contingente populacional muito maior, mas que não tem grau de renda e fica despercebido”, ponderou. O pesquisador pondera ainda que, no caso da Linha Viva, apesar de a obra ter um traçado que beneficia bairros populares, com a previsão de ter pedágio, gera um novo problema para a população. “Vai abrir premissa extremamente perigosa para nós, que é o pedágio urbano, além de todos os impostos que pagamos”. Segundo Francisco Ulisses, coordenador de planejamento de transportes da Secretaria Municipal de Transportes Urbanos e Infraestrutura (Setin), a licitação para exploração do transporte público coletivo será realizada ainda este ano. Planeja-se que o sistema seja operado por três grandes consórcios, no lugar das 18 empresas de ônibus que atuam hoje em Salvador.

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