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SALVADOR

Presidente do GGB fala sobre assassino de bailarino

Marcelo analisa a tentativa de Wallyson de passar a culpa do crime para a vítima

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20/03/2015 às 23:55 • Atualizada em 27/08/2022 às 11:22 - há XX semanas
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Bailarino foi morto dentro de pensão (Foto: Reprodução/Facebook)
O presidente do Grupo Gay da Bahia (GGB), Marcelo Cerqueira, divulgou nesta sexta-feira (20) um texto com uma reflexão sobre a morte do bailarino Reinaldo Pepe, 40 anos, e sobre declarações dadas pelo suspeito Wallyson Costa Santana, que confessou o crime esta semana depois de ser preso. Marcelo analisa a tentativa de Wallyson de passar a culpa do crime para a vítima e afirma que o crime "é sem dúvida motivado por homofobia". "Ele matou de forma covarde, por ódio amparado pela sociedade que considera homossexuais indivíduos de segunda categoria e ainda empurra-nos a viver nossa sexualidade na clandestinidade, expostos a doenças, violência física e extermínio, como aconteceu com Reinaldo Pepe", diz o texto. Wallyson afirmou em depoimento que foi atacado por Pepe ao se recusar a fazer um "programa" por preço abaixo do combinado anteriormente. Ele alega que a partir daí agiu em legítima defesa. A versão já foi contestada por familiares do bailarino. Na qualidade de presidente do Grupo Gay da Bahia (GGB), quero retomar esse debate em defesa do respeito aos LGBTs da Bahia e dos mais de 72 assassinados em menos de três meses no Brasil. Nessa sexta-feira tomei conhecimento do primeiro vídeo entrevista com Wallyson Costa Santana, assassino confesso do bailarino Reinaldo Pepe na madrugada do último sábado no bairro da Saúde, Centro Histórico de Salvador. No vídeo o homicida usa de um argumento clássico da defesa, mesma usada pelos machos que matam mulheres para “lavar a honra” com o sangue derramado. Posso ver o desespero, agora, do assassino confundindo os fatos na tentativa de imputar a vitima a culpa pelo desfecho sangrento da situação. O crime é sem dúvida, motivado por homofobia, quando alguém mata outro por menosprezo e ódio, ou seria uma crime de legitima defesa? Ele matou de forma covarde, por ódio amparado pela sociedade que considera homossexuais indivíduos de segunda categoria e ainda empurra-nos a viver nossa sexualidade na clandestinidade, expostos a doenças, violência física e extermínio, como aconteceu com Reinaldo Pepe. Como todo homicida que pratica um ato terrível por motivo torpe, alega ter filha menor, clamando por piedade por sua condição de heterossexual, pobreza, dependência financeira e colocando-se na condição de explorado pelo dançarino. ‘Sou filho de baiana de acarajé e pai desempregado”, esse é outro argumento utilizado para afirmar sua condição de necessitado e explorado. A vítima condição de negro, de homem bem sucedido na profissão e com recursos e respeitado é mais um agravante para o homicídio praticado pelo ódio. Walyson, mesmo pobre, branco e fisicamente atraente não aceitou ser subjugado por um negro.
Wallyson foi preso no interior e confessou crime (Foto: Mauro Akin Nassor)
Outro fator que prova o ódio e que o homicida está usando para se colocar como vitima é quebra de acordo, pois tinha negociado com a vitima R$ 70,00, a vitima deu R$ 50,00 e ainda pediu o troco de R$ 20,00. Observa-se que nesse momento o homicida fala de forma jocosa, desdenhando a orientação sexual do bailarino. Faz isso de forma premeditada tentando atrair a simpatia dos homofóbicos que desdenham dos homossexuais. É um vídeo sem dúvida revelador e deve ser colocado como peça do processo penal. Entretanto, torna-se difícil compreender a versão da luta corporal, haja visto que o autor aparenta ser fisicamente mais fraco que a vitima, que é capoeirista e que por ser dançarino tem musculatura bem mais forte que o homicida. No momento em que ele descreve a luta corporal não consegue explicar como foi o crime, dando a impressão que foi surpreendido e reagiu a abordagem do dançarino. Mas a única marca de agressão que ele relata é um arranhão que sofreu na mão. Acontece que ele nessa falta de memória tenta se esquivar e tentar passar a ideia de legítima defesa. Por que Pepe colocou a chaves no bolso? Certamente com receio de ser roubado, provavelmente, já havia se instaurado um clima desconfiança. Porque ele roubou o celular e o note, queimando-o, isso pode representar destruição de provas reais e subjetivas, com a possibilidade de haver fotos suas na memoria desses equipamentos, queimou para destruir os indícios, mas só revela a sua homofobia.
Correio24horas

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