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Repórteres do iBahia relatam momentos de terror na manifestação

As manifestações aconteceram na tarde desta quinta-feira (20)

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20/06/2013 às 21:12 • Atualizada em 27/08/2022 às 7:36 - há XX semanas
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- Tiago di Araújo - Repórter iBahia
Ao chegar à Praça do Campo Grande na tarde desta quinta-feira (20) percebi que o clima entre os manifestantes era de muita paz e satisfação devido ao grande número de adeptos ao protesto. Além das mensagens contra o preço da tarifa de transporte público, os inúmeros cartazes exigiam uma melhora dos serviços públicos como saúde, educação, segurança, moradia.
O protesto começou sem uma definição de qual caminho seguir e, por causa disso, um grupo partiu em direção à avenida Sete de Setembro e o outro seguiu para o Vale dos Barris. Optei me juntar aos que seguiram pelo centro da cidade. Até esse momento tudo estava tranquilo.
"O que eu via era um cenário de guerra. Fiquei horrorizado em ver no que se transformou um manifesto pacífico"
Ao chegarem à avenida Joana Angélica, os manifestantes não esperavam que a Polícia começasse a agir sem serem atacados. Na frente Colégio Central, um grupo mais adiantado já sentia o ardor e sufocamento causado pelas bombas de gás jogadas pelos policiais. Transtorno que logo seria vivido por todos que ali estavam, inclusive eu, que senti pela primeira vez, o efeito daquela bomba em meus olhos.
Os manifestantes pensaram que poderiam seguir em frente se demonstrassem pacificidade no ato. Pensamento este, que logo foi apagado pela Polícia que marchava contra o protesto, equipada com escudos, capacetes, armas e bombas. Nunca tinha presenciado aquilo tão de perto e só me restava correr para me livrar dos riscos aparentes. Foi quando os protestantes começaram a revidar com pedras e montaram um bloqueio na via com banheiros químicos. Sem conseguir responder à Polícia, um grupo mais radical de manifestantes partiram para o vandalismo, quebrando pontos de ônibus, placas de sinalização e lixeiras. O desespero tomou conta de jovens, adultos e idosos que ali estavam, fazendo com que abandonassem o protesto. A partir disso, o que eu via era um cenário de guerra urbana, onde fiquei horrorizado em ver no que se transformou um manifesto pacífico.
E eu ali, tentando ver e registrar tudo que era possível, mas sentindo orgulho de estar naquele lugar vivendo uma experiência única e super valiosa como profissional e cidadão". - Eliomar Santos - Repórter iBahia
A princípio, imaginei que a manifestação seria como na segunda-feira (17), quando a população soteropolitana saiu às ruas em um protesto pacífico. No Campo Grande, os estudantes, idosos, profissionais de várias áreas, artistas e até crianças se juntaram para gritar o que estava preso na garganta há muitos anos. O primeiro momento de dúvidas surgiu quando, no Forte de São Pedro, alguns queriam descer pela Avenida Sete, enquanto outros decidiram ir pelos Barris. Neste momento, imaginei que começaria uma confusão, mas deu tudo certo. O grupo se dividiu e cada um foi por um lado. Ao chegar no Dique do Tororó, sem tentativa de invasão às ruas que dão acesso à Fonte Nova, os policiais da tropa de Choque começaram a atirar bombas de efeitos moral. Foi aí que imaginei que estava em uma guerra.
"Vi muitas mulheres e homens chorando, se abraçando e pedindo paz"
Pessoas idosas caindo em minha frente e outras passando por cima sem ajudá-las. Uma senhora, por sinal, bateu a cabeça no chão e eu e minha companheira de cobertura, Carolina Andrade, decidimos ajudá-la. Devo confessar que o desespero tomou conta de mim neste momento, afinal de contas nunca tinha passado por situação parecida. Após 'acordar' e perceber que, na verdade, estava ali como jornalista, com o dever de mostrar à população tudo o que acontecia no momento, fui atrás de imagens e depoimentos. Uma das cenas mais impressionantes que vi foi a de um grupo de vândalos destruindo os ônibus e ateando fogo. Vale lembrar que tudo isso aconteceu na frente do 5° Centro de Saúde. Já calmo, fui novamente tentar fazer imagens o mais próximo possível dos policiais, tentando filmá-los atirando nos manifestantes, enquanto eles revidavam com pedras arrancadas do chão. Por fim, em uma tentativa de ir em outra direção, os protestantes foram impedidos novamente de seguir em frente, sendo recuados pela Cavalaria da Polícia Militar. De onde estava, em cima de uma ribanceira, percebi o desespero das pessoas. Muitas mulheres e homens chorando, se abraçando e pedindo paz. O balanço que tirei de tudo isso é simples. Hoje cresci como pessoa e, principalmente, como profissional. Veja também Vídeo mostra tensão entre policiais e manifestantes na av. Joana Angélica Repórter registra momento em que policiais jogam bombas nos manifestantes Pesquisador da FGV diz que manifestações nas ruas são “a cara da web” Veja galeria de fotos dos confrontos entre polícia e manifestantesVeja imagens de diversos momentos da manifestação desta quinta-feira

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