Salvador tem a maior baía do Brasil e mais de 80km de praias. É famosa pelas festas, comida e religiosidade. A combinação desses fatores sempre deixou a capital baiana no topo dos destinos turísticos do país. No último Verão, foi a terceira cidade com mais turistas brasileiros, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro. Depois do Verão, no entanto, nem as praias nem as festas têm ajudado os hotéis a encherem seus quartos. A taxa de ocupação hoteleira de Salvador no mês passado foi a pior entre seis capitais pesquisadas pela Associação Brasileira da Indústria de Hoteis (Abih), incluindo a vizinha Aracaju. A capital sergipana teve 56,40% de leitos ocupados em abril. Até mesmo o valor médio da diária em Aracaju, R$ 189,03, superou Salvador, R$ 188,29. Para o presidente da Abih Bahia, o empresário José Manoel Garrido, houve uma depreciação da cidade nos últimos anos que afetou o turismo. “Houve uma falta de investimento na cidade e uma diminuição do número de hóspedes nos últimos dois anos. Temos que reestruturar a cidade para que o turista volte depois do Verão e a gente reverta esse quadro desanimador”, alerta Garrido. O secretário de Desenvolvimento, Cultura e Turismo de Salvador, Guilherme Bellintani, reconhece que a cidade precisa passar por mudanças para atrair visitantes durante todo o ano e não apenas no Verão, mas pondera. “A taxa de ocupação não reflete necessariamente uma queda do número de turistas. O número de turistas não caiu. Ele só não tem crescido na mesma proporção que o número de hotéis e leitos de Salvador”, afirma. Segundo o secretário de Turismo da Bahia, Domingos Leonelli, o número de leitos no setor hoteleiro da capital baiana subiu de 35 mil para 39 mil em quatro anos. “Houve um aumento real de turistas em Salvador nos últimos quatro anos”, diz. Segundo o presidente da Abih Bahia, desde 2011, sete hotéis foram inaugurados em Salvador, o que aumentou a oferta em um ritmo que não foi acompanhado pelos turistas. Para Garrido, para que esse aumento no número de hotéis seja atendido algumas obras são necessárias, entre elas, a reforma da orla. AracajuJá em Aracaju, que superou a taxa de ocupação de Salvador em abril, é justamente o litoral que tem atraído os turistas. “É uma orla especial, a melhor do Nordeste. Tem muitas opções de lazer”, diz Gabriela Pereira, gerente do hotel Aquarius, na capital sergipana. Para o secretário adjunto de Turismo da cidade, Fábio Andrade, os investimentos realizados na orla de Aracaju foram fundamentais para o crescimento do turismo na região.
“Foram feitos investimos não só nos espaços físicos, mas também de fomento a manifestações culturais na orla. Temos ainda uma rede hoteleira moderna e nova que ajuda a atrair turistas”, diz Andrade. A cidade tem hoje 4,6 mil leitos no setor hoteleiro. Grande parte surgiu nos últimos dez anos. “Além disso, aqui, nós não temos uma política de festa. É mais de descanso. Quando Salvador fica cheia no Carnaval, por exemplo, os baianos vêm pra cá. Estamos fazendo um esforço muito grande para descolar o nosso turismo do de Salvador”, conta Andrade. Cerca de 46% dos turistas que visitam Aracaju são da Bahia, segundo a Secretaria de Turismo de Aracaju, criada este ano. “A própria criação da secretaria é um reconhecimento da importância dessa área para a economia. O turismo começou a entrar na agenda do município”, diz Diego Costa, diretor de Turismo de Aracaju. O aposentado baiano Othon Rehm, 70 anos, visita a cidade há mais de 50 anos e notou a diferença. “Aracaju é uma cidade pequena, mas muito bem tratada. Hoje, ela tem uma estrutura que não tinha no passado, como faixas para pedestres. A orla é bem policiada. Eles começaram a valorizar o turismo”, comenta. O secretário de Turismo da cidade ainda cita como alvos dos próximos investimento as áreas de esporte, turismo náutico e São João. A arquivista Milena Melo, 32, também notou essa mudança. Ela se mudou de Salvador para Aracaju há cinco anos a trabalho. “As pessoas já conhecem muito Salvador e também já sabem da violência. Aracaju é mais tranquila, muito boa para quem viaja com família. Além disso, a orla é muito melhor do que a de Salvador. Tem várias opções de entretenimento”, elogia. Milena afirma que o atendimento em restaurantes, lojas e hotéis tem melhorado nos últimos anos. “Todo mundo sai daqui encantado. Minhas amigas vêm e me dizem que querem morar aqui”. Entre esses baianos que se encantam com Aracaju está a estudante Luanda Reis, 23. Limpeza, infraestrutura e orla organizada são alguns dos elogios de Luanda a Aracaju. Já sobre Salvador, ela reclama do trânsito, da violência e da falta de ciclovias. “Adoro Salvador, mas temos defeitos na infraestrutura da cidade que são absurdos”, desabafa. ProjetosPara reverter esse quadro e conquistar turistas para a capital baiana, o secretário de Turismo de Salvador aposta em três frentes: estruturar a cidade, promovê-la e preparar um calendário de eventos para o ano inteiro. Bellintani explica que Salvador tem poucos espaços para o pedestre, o que tem que mudar com obras infraestruturais. “Aindo do ponto de vista urbanístico, já reestruturamos o Forte São Marcelo e está prevista a reforma do Mercado Modelo e de outros locais da cidade”. Quanto à promoção da cidade, ele explica que a estratégia para chamar atenção para Salvador deve começar a partir do próximo ano, devido às dificuldade financeiras do município. O terceiro item elencado por Bellintani atende a um pedido da Abih Bahia: a criação de um calendário de eventos que não fique restrito a uma temporada. “Vamos tirar o ápice do Verão e espalhar durante o ano inteiro. Vamos trazer elementos atrativos fora do Carnaval”. Investimentos no turismo de negócios, segundo o secretário, pode ser outro caminho, uma vez que esse ramo representa cerca de 50% da taxa de ocupação hoteleira.
Matéria original do Correio Salvador tem pior taxa de ocupação hoteleira
Orla de Aracaju bem policiada e organizada |
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Orla da Pituba: investimentos em infraestrutura e promoção estão nos planos para trazer mais visitantes |
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