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Sem estacionamento, motoristas fazem manobras por uma vaga

Quem nunca ficou horas rodando até encontrar um lugar para deixar o carro com segurança sem pagar uma fortuna?

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29/04/2011 às 17:47 • Atualizada em 29/08/2022 às 17:20 - há XX semanas
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Todo dia é a mesma coisa, para estar no estágio que começa às 14h, a estudante Pollyana Regebe tem de chegar às 13h30, no bairro do Cidadela. Tudo isso para conseguir uma vaga para deixar o carro. O motivo da antecedência é a falta de estacionamento para abrigar os veículos de todas as pessoas que frequentam o local. Mesmo optando por chegar mais cedo, Pollyana conta que conseguir um brecha na rua é um sacrifício, principalmente, pelos guardadores serem sempre os mesmos e exigirem quantias cada vez maiores. “Acaba sendo uma situação difícil e perigosa, porque eles impõem um valor muito alto por saberem que o carro ocupará aquele lugar durante todo o dia. Nós ficamos sem alternativa, já que convivemos naquele ambiente”, reclama. A estudante também já "inventou" algumas vagas e até descobriu uma maneira arriscada de parar seu carro. “Já tive que deixá-lo sem freio de mão ativado e preso somente com uma pedra na roda para o guardador empurrar, caso o carro que eu tranquei ao estacionar, saísse antes de mim”, explica. Por ser estudante de direito, ela também tem que frequentar o Fórum Ruy Barbosa, em Nazaré. Achar uma vaga por lá é ainda mais difícil e o jeito é pagar caro mesmo. “Apesar de o valor fixo da hora na tabela ser de R$ 1,50, os guardadores cobram R$ 2. Um já chegou a me ameaçar, dizendo que se eu passasse mais de duas horas no fórum, ele colocaria por fora uma outra tabela, ou então quando a Transalvador passasse mandaria rebocar meu carro”, relembra. Outra versão - Para os guardadores, o problema é outro. Tendo a atividade como um ganha pão, eles se queixam muito da falta de segurança e da alta taxa cobrada pelo sindicato: 50% do valor da cartela. Sérgio*, 46 anos, está há cinco anos como guardador sindicalizado na Av. Sete. Antes trabalhava clandestinamente no mesmo lugar. Ele diz que o maior problema que a classe encontra é a falta de segurança e o desrespeito. “Não temos apoio nem de policiais que, muitas vezes, quando não estão em serviço, estacionam seus carros e não pagam”. Ameaças também são constantes no meio. Revoltados com o valor cobrado, muitos motoristas se recusam a pagar e maltratam o “flanelinhas”, que perdem muito dinheiro com esses casos. Mesmo com todos os problemas, Sérgio afirma que depois que se sindicalizou, passou a ganhar muito mais, dando para tirar cerca de R$ 40 por dia. Divisão - Na maioria dos lugares, a divisão dos espaços entres os guardadores já foi delimitada há muito tempo. Jones*, 34 anos, trabalha no bairro da Mouraria e conta que lá a divisão aconteceu logo quando chegou e nunca mais mudou. “Como temos muito tempo aqui, cada um já sabe onde pode ficar e cobrar aos motoristas”. No caso da Av. Sete, o trabalho é dividido por turno e os espaços são revezados, todos dias os guardadores trocam o lugar que irão cuidar. Antônio Fortunato, 62 anos, trabalha há mais de 30 anos como guardador na rua lateral ao Fórum Ruy Barbosa, em Nazaré. Conhecido na região, ele garante que é querido pelos advogados e tem tratamento especial. “Todo mundo me conhece e sabe que sou honesto, então, às vezes, pagam até a mais do que o valor da cartela. É com esse dinheiro que eu consigo sustentar minha família”.

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