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Setor turístico defende que Centro de Convenções em Armação

Antes de desabamento, obra de reforma, em duas etapas, consumiu R$ 9 milhões

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Redação iBahia

28/09/2016 às 8:50 • Atualizada em 29/08/2022 às 10:13 - há XX semanas
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A notícia sobre o desmonte do Centro de Convenções da Bahia (CCB), em Armação, não agradou muito o trade turístico baiano, que cobra uma definição do governo estadual sobre a construção de um novo equipamento, que deve ir para outro ponto da cidade. “Estamos todos muito surpresos. Justamente no Dia Mundial do Turismo, a gente recebe uma notícia dessa, de que vamos ficar sem o Centro de Convenções. E o pior é dar essa informação sem apontar uma possível solução”, critica Paulo Gaudenzi, presidente da Salvador Destination. “Não conhecemos o laudo técnico que justifica o desmonte. Nós (do setor turístico) vamos nos reunir na semana que vem para discutir o assunto e tomar uma posição”, completa. Gaudenzi ainda destacou a importância do equipamento para o turismo local. “Precisamos de um centro, mas não pode ser em qualquer lugar. Será necessário fazer um estudo técnico para que se diga onde o equipamento deve ser erguido”. Assim como ele, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih-BA), Glicério Lemos, disse que aguarda a apresentação do laudo técnico pelas autoridades. “Se for para demolir mesmo, que se construa outro no mesmo lugar. Lá tem área para construir outro e a região é ideal porque está no meio da cidade”, observou. Ele reforçou ainda que o segmento investiu mais de R$ 5 bilhões em materiais hoteleiros e restaurantes instalados no entorno do CCB e que tiveram sua viabilidade aprovada pelos bancos, principalmente por conta da localização próxima ao espaço. “A saída do Centro de Convenções daquele ponto seria uma catástrofe para os negócios da região, com fechamentos e ainda mais demissões”, avaliou. Segundo ele, desde que o espaço foi fechado para a realização de obras emergenciais, no ano passado, pelo menos cinco hotéis encerraram as atividades. “O governo precisa apresentar uma resposta rápida para esta situação”. Glicério destacou ainda que, segundo o novo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU), a área de convenções do município é exatamente a região onde o CCB está localizado, entre o Stiep e Boca do Rio. A permanência do Centro de Convenções no local é defendida também pelo presidente do Conselho Baiano de Turismo (CBTUR), Luiz Augusto Leão, que ratificou que deve acontecer com o CCB o mesmo que foi feito em relação à Fonte Nova. “A necessidade agora é demolir e construir outro no mesmo lugar, como foi com a Arena. A região já tem toda a logística necessária e uma vocação natural para funcionamento de um centro de eventos ali”, apontou. Na opinião de Leão, após a demolição, o governo poderia aproveitar o projeto do novo CCB que seria construído em outro local e imediatamente começar as obras no local onde ele já funcionava anteriormente. O presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (Febha), Silvio Pessoa, reforçou a necessidade urgente do equipamento, que é responsável pelo equilíbrio das contas do trade turístico durante a baixa estação. “O governo nos prometeu um novo CCB e solicitamos a reforma do antigo espaço enquanto não se tinha uma decisão sobre o novo. O espaço já estava sem manutenção corretiva há mais de uma década”, criticou. A assessoria do governo informou que a Fonte Nova é uma das opções para suprir a ausência do CCB. O Congresso Internacional de Odontologia da Bahia (Cioba), que seria realizado no CCB em novembro, foi transferido para a arena. História é marcada por grandes eventos Inaugurado em 1979, após dois anos de obras, o Centro de Convenções da Bahia (CCB) tem uma história marcada por eventos importantes e intervenções. A primeira reforma no espaço aconteceu apenas um ano após sua abertura, em 1980, quando um incêndio atingiu o Teatro Iemanjá, que teve que passar por uma obra de recuperação. Em 2006, o equipamento sediou a segunda edição da Conferência de Intelectuais da África e da Diáspora, evento promovido pela União Africana em parceira com órgãos brasileiros. Já em 2008, um grande ato na área externa do Centro de Convenções reuniu diversos líderes de nações latinas com o então presidente Lula. Participaram do encontro os presidentes Hugo Chávez (Venezuela), Raúl Castro (Cuba), Evo Morales (Bolívia) e Manuel Zelaya (Honduras). Na ocasião, o presidente venezuelano doou um busto do revolucionário Simón Bolívar em homenagem ao aniversário da morte do conterrâneo. A peça foi instalada na frente do CCB, na avenida que leva o mesmo nome do líder latino. Em 2010, o equipamento recebeu intervenções de R$ 20 milhões dos governos federal e estadual. Já em maio de 2015, o espaço foi interditado pela Sucom após a constatação da falta de projeto e equipamentos de incêndio e pânico e manutenção predial. Desde então, o espaço passava por reformas emergenciais. Desmonte anunciado O Centro de Convenções da Bahia (CCB) é uma espécie de quebra-cabeças de concreto e metal. Em uma operação de desmonte e demolição, todo esse gigante unido por peças enormes vai ser colocado abaixo. Foi o que anunciou ontem o governo estadual, responsável pelo equipamento, após desabamento de parte do primeiro e segundo andares em plena reforma da estrutura, na sexta-feira. A decisão foi confirmada pelo secretário-chefe da Casa Civil, Bruno Dauster, após determinação do governador Rui Costa. Segundo Dauster, não é mais possível a recuperação do prédio. “A decisão está embasada em orientações técnicas, pois o sinistro abalou algumas estruturas fundamentais daquele equipamento que impedem a continuidade das obras de recuperação”, justificou. Ele garantiu que o governo está desenvolvendo estudos que vão definir o local onde será construído um novo centro e disse que ainda não há prazo para a operação. “Primeiro vamos fazer o que tem de emergencial. Depois, fazer o desmonte da estrutura”, disse Dauster, sem dar prazos ou explicar o processo e os custos do desmonte. O anúncio foi feito após inspeção realizada ontem pela manhã. Mas a decisão divide opiniões. “A princípio, acho precipitada antes de fazer uma avaliação mais detalhada”, disse o coordenador de Engenharia Civil dos Conselho Regional de Engenharia (Crea), professor Luiz Edmundo Campos. Quando parte do prédio desabou, a reforma estava na segunda etapa. No total, a obra já havia consumido R$ 9 milhões dos cofres públicos. Na primeira intervenção, que custou R$ 8 milhões, foram recuperadas vigas e telhas do Teatro Iemanjá e do Espaço Orlando. Pouco mais de R$ 1 milhão já havia sido destinado para a segunda etapa. O engenheiro civil Carlos Emílio Strauch, autor do projeto estrutural do equipamento, inaugurado em 1979, ele esteve presente na inspeção. Sobre a falta de manutenção do prédio, Strauch confirmou que há ‘muito tempo’ não eram feitas obras. “Já tinha um bom tempo que não me chamavam”, contou. Ao Ministério Público (MP-BA), o próprio engenheiro contou que, depois de muito tempo, foi chamado pelo governo para apontar as intervenções necessárias à reabertura do prédio. Strauch disse à promotoria que há mais de 13 anos não eram feitos serviços de manutenção. “Ele ainda destacou que obras que estavam sendo realizadas naquele momento não seriam suficientes para a reabertura”, destacou a promotora Rita Tourinho, que acompanha o caso. Meses antes, no início de 2015, um inquérito civil foi instaurado para apurar a omissão do estado na manutenção do espaço. “Até mesmo para evitar que se repetisse a tragédia anunciada da Fonte Nova”, lembrou a promotora. Recomendada pelo MP-BA, a Secretaria Municipal de Urbanismo (Sucom) pediu a interdição do prédio, que desde maio de 2015 está fechado. Na época, até o Tribunal de Contas do Estado (TCE) determinou às autoridades responsáveis que fossem adotadas, com urgência, providências para sanear irregularidades identificadas na estrutura física. “Auditores haviam constatado a existência de corrosão acentuada nas estruturas metálicas, alagamentos, infiltrações, fiação exposta, além da falta de um Plano de Segurança”. Alvará Na segunda-feira, a Sucom qualificou a obra de reforma do local como irregular. O secretário Sérgio Guanabara disse que a prefeitura sequer foi procurada pelo estado ou pela empresa responsável pela obra para obter o alvará. “Somos o órgão licenciador. Qualquer obra precisa de licença”, comentou. Ontem, o chefe da Casa Civil discordou. “Uma obra de reforma como aquela não depende da apresentação de um projeto para que o alvará seja liberado. Estava regular e todas as taxas para emissão do documento também tinham sido pagas, o que chancelou as intervenções no local”, declarou. “Esse tipo de coisa acontece com obras realizadas por pessoas não esclarecidas. Isso é totalmente atípico e fora da curva”, afirmou Sérgio Guanabara. A Metro Engenharia e Consultoria, que realizava a obra emergencial na área que caiu, informou que não iria se manifestar sobre a falta de alvará. A empresa apresentou relatório do engenheiro responsável, no qual ele exime a empresa de responsabilidade. “A Metro não teve nenhuma responsabilidade no ocorrido e isto só ocorreu devido ao adiantado grau de oxidação das ligações dos tirantes originais com as vigas do nível 33”, informou Strauch. A perícia feita ontem não chegou a entrar no prédio. Teve de ser adiada por falta de segurança. “A perícia do Departamento de Polícia Técnica será realizada tão logo o Corpo de Bombeiros garanta a estabilização da estrutura”, informou, em nota, o governo estadual. A demolição só poderá ser realizada após a conclusão da perícia e a elaboração do plano de desmonte. Procurada, a Secretaria do Turismo (Setur), que cuida do Centro de Convenções, reiterou o posicionamento da Casa Civil sobre a demolição. Autor das esculturas e murais que remetem à cultura baiana na frente do CCB, o artista plástico Bel Borba disse que o desmonte do espaço não prejudica as peças, pois elas são removíveis. “Caso sejam guardados adequadamente, não terá nenhum problema”, comentou Borba.

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