Não bastasse a paciência com a lentidão do trânsito, os motoristas têm que ficar atentos também aos bandidos que vêm atuando nos engarrafamentos diários da Avenida Luis Eduardo Magalhães. A última vítima (de que se tem notícia) foi o secretário municipal de Educação, Cultura, Esporte e Lazer (Secult), João Carlos Bacelar, assaltado num congestionamento na avenida no início da noite de terça-feira. Ele ia visitar a Escola Municipal do Pescador, em Itapuã, quando foi abordado por dois homens em uma moto. “Estava engarrafado, os carros não andavam, senti uma pancada forte na janela do carro e, quando o motorista abriu, eram dois homens numa moto, exigindo carteira, celular, relógio”, conta ele. Um dos motoqueiros estava armado com uma pistola.
O secretário, que disse nunca ter sido assaltado em Salvador, experimentou uma violência que motoristas afirmam ser constante na avenida. O médico cirurgião Eric Ettinger, 33, sofreu um assalto bem parecido na avenida na semana passada. O assalto aconteceu por volta das 18h da terça-feira, quando ia para o Hospital São Rafael. O trânsito estava totalmente parado e Eric estava distraído no carro, quando foi surpreendido pelo carona de uma moto, que batia com uma arma em seu vidro e pedia que passasse o celular. “Na hora, com o susto, sem querer tirei o pé do freio e o carro foi pra frente. Aí ele gritou: ‘Quer morrer, é? Está procurando palhaçada?’”, conta a vítima. Quando Eric desceu o vidro para entregar o celular - um iPhone que há um ano lhe custou R$ 1.180 -, o ladrão viu que ele usava um relógio Armani e levou o objeto também. Não satisfeitos com o assalto, os bandidos continuaram a atacar no mesmo local. “Depois de me roubarem, eles fizeram a mesma coisa com um carro da frente. Só que outro motorista percebeu e começou a buzinar. Aí todo mundo ficou buzinando ao mesmo tempo. Não vi nenhum policiamento no local”, afirma o médico, que acabou não prestando queixa. AlertaO CORREIO esteve no fim da tarde de ontem entre os trechos da saída do Acesso Norte até a Avenida Paralela e não notou a presença de policiais. O fotógrafo, inclusive, foi alertado por uma motorista. “Cuidado para não levarem a câmera! Aqui têm acontecido muitos assaltos...”, avisou ela, passando no carro. O vendedor Reginaldo dos Santos Virgens, 29, diz evitar passar no local durante as horas de pico, por causa da fama das ocorrências de assalto. Ontem, especialmente, após presenciar uma ação criminosa minutos antes de ter que enfrentar o trânsito da avenida, preferiu parar no posto de combustível, fazer um lanche e esperar o tráfego melhorar. “Estava passando pela Barros Reis, tudo engarrafado, o carona de um motoqueiro parou um outro cara na moto, em frente à Motopema, colocou a arma na cabeça do cara e levou a moto. Assalto em engarrafamento tem acontecido o tempo todo”, diz. Também no posto, a professora Girlene Santana Santos, 35, conta que seu primo foi assaltado em uma ação semelhante à do secretário. “Ele abriu o vidro pensando que o motoqueiro tinha arranhado o carro, mas o homem estava armado. Só viu o celular e a carteira sendo levados pelos bandidos enquanto continuava no engarrafamento”, diz. PoliciamentoO delegado Guilherme Machado, titular da 11ª Delegacia (Tancredo Neves), que cobre a região, diz que há, de fato, registros de assaltos na avenida, e que eles acontecem mais no começo da noite, com mais trânsito. “Os bandidos se aproveitam da questão da iluminação e do trânsito intenso, no cair da noite”, explica. Ele nega, porém, que o número seja elevado. “Existem registros, mas não um número que a gente possa chegar e identificar uma quadrilha ainda”, ressalta. Em nota, o Comando de Policiamento Regional da Capital/Central (CPRC/C) informou que o policiamento no local é feito pela 1ª e 82ª Companhias Independentes da PM. Diariamente são realizadas rondas com viaturas e motocicletas e duas duplas de policiamento ostensivo a pé realizam a Operação Cooper, pelas manhãs. “Nos horários de congestionamento, as viaturas são posicionadas em pontos estratégicos, que podem ser acionadas pelo 190. O policiamento é reforçado ainda com a Rondesp/Central e o Esquadrão de Motociclistas Águia”, diz a nota. Polícia aconselha a não reagir e registrar ocorrênciaO delegado Guilherme Machado, titular da 11ª DP, responsável pela área, pede que as pessoas não reajam em caso de assalto. “Uma reação pode transformar um assalto em latrocínio (roubo seguido de morte)”, explica. Ele ainda reforça a importância de comunicar o fato à polícia. “Tente dar o maior número de informações possível, como o local exato do assalto, características dos assaltantes e dos veículos, horário. A gente faz a análise para combater o crime de uma forma mais eficiente”, garante. Depois de ter tido celular, carteira e relógio roubados na avenida Luis Eduardo Magalhães, na semana passada, o médico Eric Ettinger passou a adotar alguns cuidados. “Dois dias depois precisei passar pela Luis Eduardo em horário de pico e escondi carteira, relógio e celular em um compartimento do carro”, conta. Agora, quando pode, ele também evita passar por lá em horários de pico. Na última terça-feira, por exemplo, sabendo que a via estaria movimentada por conta do jogo do Vitória, no Barradão, combinou de chegar mais tarde no plantão. Matéria original Correio 24h Engarrafamentos na avenida Luis Eduardo Magalhães deixam motoristas reféns
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