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Zoológico tem animais prontos para serem soltos, mas falta lugar

O zoo de Salvador tem mais de 400 animais que já poderiam voltar para a natureza, mas, por falta de estudos, continuam enjaulados

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27/08/2014 às 8:25 • Atualizada em 27/08/2022 às 8:34 - há XX semanas
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O macaco da foto ao lado não tem nome. Ele vive em grupo, consegue encontrar sua própria comida (e até quebrar as frutinhas que encontra para colocar na boca) e provavelmente desconfiaria de um galho que tem um movimento estranho - pode ser uma cobra, afinal de contas. Ele é o bicho perfeito para viver na mata. Mas ele mora no Zoológico de Salvador, em Ondina. Como o macaco sem nome (que, aqui, vamos chamar pela espécie, macaco-prego-do-peito-amarelo), outros 421 animais estão no zoo, esperando para ser soltos. Eles estão lá, prontos para ir embora (provavelmente, felizes). Só não têm para onde ir. Atualmente, o zoológico tem quase 1,6 mil animais - mas desde 2008, 422 bichos poderiam estar livres, na natureza. No entanto, faltam lugares que possam recebê-los, segundo o coordenador do parque, Gerson Norberto. “O problema nem é encontrar as áreas, mas fazer um estudo. É preciso avaliar (nas áreas que receberão os animais) a capacidade de suporte, que é saber a quantidade estimada de presas disponíveis, de árvores frutíferas... Isso não pode ser feito só com uma visita”. E mesmo depois da soltura, o processo não é fácil: tem animais que precisam ser acompanhados por até três anos. “Não é só abrir uma caixa”, pondera. Resultado: tem tartarugas, araras, macacos, lobo-guará e até jacaré vendo a vida passar, lá no zoo. “Esse número não é fixo, claro. Ao longo dos anos, já foi maior e já foi menor, mas sempre foi algo em torno disso, desde que começamos a fazer a triagem”. Nova ordem Esse levantamento está sendo realizado desde que o zoológico começou com uma nova filosofia, para preservar a fauna brasileira, segundo o coordenador do parque. Agora, as coisas são um pouco diferentes do que já foram um dia: a ideia é que os bichos não permaneçam no zoológico só para serem expostos numa vitrine. “Por isso, nosso plano é focar em espécies brasileiras, para que elas sejam preparadas, tanto em seu estado fisiológico quanto comportamental e nutricional, para ser encaminhadas para a soltura”. Para o animal ser considerado “pronto”, tem que se comportar exatamente como suas espécies se comportam na natureza. “O animal precisa ser bicho, literalmente. Um papagaio criado por uma família por 30 anos, por exemplo, cresceu aprendendo a comer biscoito com café. Se ele fosse voltar para a mata, precisaria de um treinamento para aprender a abrir uma goiaba e a empoleirar para dormir”. É por isso que o macaco sem nome é o bicho perfeito. Como ele, hoje, outros 15 de sua espécie estão só aguardando pela tal liberdade. E isso que os primatas são os mais difíceis de se readaptar à natureza já que, segundo Norberto, eles têm sentimentos. Vem daí a história de não chamá-los por nome. “Falamos sempre aos tratadores para evitar, porque atrapalha o treinamento”. Locais Os macacos têm grandes chances de ser os primeiros a sair do zoo - provavelmente, vão para o sul do estado, mas ainda não há previsão, nem certeza. Tudo justamente porque, segundo Norberto, existem poucas iniciativas de estudo de áreas para soltura. O que, para ele, isso não cabe ao zoo. “Estamos iniciando uma conversa com universidades, para que atentem para esse tipo de pesquisa e publiquem resultados”. Atualmente, um grupo da Escola de Medicina Veterinária da Ufba mantém, desde 2012, um projeto de soltura de araras aratingas - mas nenhum representante do programa foi localizado. Porém, os animais vieram do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). Enquanto isso, nenhum animal do Zoológico de Salvador já conseguiu seu passe livre. O Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), que gerencia o zoo, também não tem projetos na área. “Por missão, teria que ter, mas estamos engatinhando para ter a estrutura adequada para estar aqui e ainda ter efetivo no campo”, explica Gerson Norberto. Já o Ibama consegue devolver a maioria dos bichos. “Mas não temos uma equipe grande para estudos detalhados”, diz o coordenador do Cetas de Salvador, Joviano Cordeiro. Na maior parte dos casos, os bichos soltos são aves apreendidas em operações contra o tráfico. Em setembro, o órgão deve soltar um tamanduá que vem sendo acompanhado desde o ano passado. Em 2013, 5 mil dos 6,7 mil bichos do Cetas foram libertados. Matéria original do Correio Zoológico tem 422 animais já prontos para serem soltos, mas falta lugar

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