O amor regeu Mariana Xavier em seu retorno aos palcos em uma experiência até então inédita para a atriz, que tem pouco mais de 30 personagens em seu currículo, entre filmes, novelas, séries e videoclipe.
Seis anos após seu último espetáculo, a carioca leva para os teatros a peça 'Antes do Ano Que Vem', escrita por Gustavo Pinheiro que desafia a artista a se dividir em sete personagens aos olhos do público, sem corte de cena, sem edição e sem quase nenhum elemento, além, é claro, de seu talento para a arte.
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"O Gustavo me procurou porque ele gosta muito do meu trabalho, a gente tinha amigos em comum e ele queria escrever alguma coisa para mim. E aí o que eu pedi para ele foi 'Gus eu quero uma comédia, mas uma comédia com mensagem, eu não quero que seja só entretenimento. Eu quero que as pessoas se identifiquem que as pessoas se emocionam'. E o Gustavo veio com essa historia".
Neste final de semana, a artista finaliza a temporada de sucesso na capital baiana com shows sexta, sábado e domingo e sessão extra para sacramentar a passagem pela Bahia em grande estilo. A apresentação extra acontece no dia 17 de setembro (sábado), às 18h00, no Teatro Módulo.
A história em questão citada por Xavier, que segundo a artistaer, faz o público sair do teatro 'com a barriga e bochecha doendo, mas o coração quentinho, com esperança', narra as necessidades angústias de sete personagens que encaram a virada do ano com perspectivas distintas.
"Durante uma viagem ele [Gustavo] leu uma notícia de que a noite de Réveillon é uma das noites mais críticas de tentativas de suicídio e ligações para serviços como como o CVV. Ele achou estranhamente curioso isso. Como uma data que para ele significa renovação, esperança, otimismo, podia fazer tanta gente infeliz? E daí começou a se debruçar sobre esse universo, entender que realmente é uma data que causa sentimentos muito ambíguos. Que tem muita gente profundamente animada com o que está por vir e muita gente profundamente frustrada com tudo aquilo que planejou e não conseguiu realizar."
Dirigida pela dupla de baianos Ana Paula Bouzas e Lázaro Ramos, Mariana dá vida a Dizuite, personagem central da história, que acaba assumindo o papel de psicóloga após a responsável do consultório médico se ausentar do plantão de última hora.
"Sou muito fã do Lázaro, assim como todo o Brasil e tinha muita vontade de trabalhar com ele em qualquer coisa, então, eu dava umas paquerada nele e uma vez no Projac eu falei 'Ah, eu gosto tanto de você que você nem imagina', e ele me respondeu da mesma forma. Quando veio a peça, eu não sei nem explicar, acho que foi muito de intuição, fui atrás do Lázaro e quando a gente conseguiu se falar ele topou sem nem saber do que se tratava. E Ana é uma mulher incrível, acho ela maravilhosa em tudo que ela faz, uma força da natureza e como era uma peça com sete personagens femininas, a gente falou 'cara precisa de um olhar feminino aqui', e como eles já trabalharam juntos em muita coisa, é uma sintonia incrível".
No decorrer da peça, o público vai entendendo os conflitos de cada um dos sete personagens, incluindo Dizuite.
"Eu me propus a fazer um espetáculo solo e não só por ser um espetáculo solo, mas porque a gente tomou a missão de usar comédia para falar de um tema extremamente delicado. 'Antes do ano que vem' é uma comédia que fala das nossas dores emocionais e da importância da escuta da importância do acolhimento da importância da empatia. Estou muito orgulhosa dessa peça e muito feliz com todo o retorno que a gente está tendo".
História com a Bahia
A escolha da Bahia para uma temporada tão extensa tem um motivo. Carioca da gema, Mariana acredita ter uma porcentagem de baianidade correndo em seu sangue. Ao iBahia, a artista falou sobre sua relação com o estado:
"Eu eu brinco que eu acho que eu fui baiana em outra vida, porque é um amor inexplicável assim que eu tenho por aqui. Sou sempre muito bem recebida e a Bahia sempre me emociona. Sempre me faz voltar daqui com lembranças muito memoráveis."
A relação é tão antiga, que aos risos a atriz brincou sobre seu passado antes de iniciar a carreira na arte.
"Fui professora de lambaeróbica. Tenho um passado no Axé, eu paguei muito boleto segurando o Tchan (risos). Lá nos meus 18, 20 anos eu era a pessoa que frequentava todos os eventos de música baiana no Rio de Janeiro. Fui chamada para dar aula de lambaeróbica, ia para Porto Seguro todo verão para pegar as coreografias e fiquei amiga do pessoal da TroupDance. Eu amo muito a Bahia, mexe muito comigo e sempre que eu posso eu venho para cá sem nem pestanejar".
A arte no Brasil
Mariana, que recentemente viralizou nas redes sociais após um desabafo sobre os ingressos gratuitos disponibilizados por ela na bilheteria de um teatro em Teresina, no Piauí, que não foram resgatados pelo público, ainda comentou sobre a desvalorização da arte no Brasil.
"Está cada vez mais desafiador, a gente está num momento muito sombrio para cultura. Estamos vivendo um momento que parece que querem que as pessoas fiquem mesmo alienadas e burras, mas a gente segue tentando. O setor cultural foi sem dúvida um dos setores que mais sofreu com a pandemia, o primeiro a parar e acho que o último a voltar. Então eu tenho dito ao final de todo o espetáculo que nesse momento de retomada das atividades, cada pessoa que escolhe se sentar numa plateia de teatro, vai a um show, a exposição, está dizendo que a gente pode e que a gente merece um país com mais cultura e com mais educação".
Para a artista, é necessário o incentivo à cultura, tanto para a produtores quanto para o público.
"A gente precisa reforçar a questão das leis da importância das leis de incentivo à cultura que visam o acesso da população, que dão ingresso para quem não pode pagar, que apoiam os artistas. Existe uma demanda muito grande pela cultura. A gente precisa que mais pessoas enxerguem a importância da cultura, que mais empresas enxergam incentivem apoia em cultura, porque a cultura gera renda pro Brasil ao contrário de muita besteira que a gente tá ouvindo".
SERVIÇO
Espetáculo Antes do Ano Que Vem com Mariana Xavier
Quando? 16, 17 e 18 de setembro, sexta e sábado às 20h, e domingo, às 19h.
Onde: Teatro Módulo, na Pituba
Ingressos: R$ 80 | R$ 40 (Plateia Lado Esquerdo) e R$ 50 | R$ 25 (Plateia Lado Direito), à venda no Sympla
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