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TEATRO

Comédia ainda é sucesso no teatro baiano, mas divide público com outros gêneros

Representantes da classe teatral baiana fazem uma análise mercado atual e aponta mudanças no comportamento das plateias na Bahia

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18/11/2011 às 10:20 • Atualizada em 30/08/2022 às 20:01 - há XX semanas
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Em tempos de efervescência do teatro na Bahia, com uma média mensal de 30 peças em cartaz, somente na capital, e após dois meses seguidos de eventos voltados exclusivamente para esta linguagem artística – com o Festival Latino-Americano de Teatro da Bahia (Filt), em setembro e o Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia (Fiac), em outubro -, tem sido cada vez mais nítida a presença do público em espetáculos com textos mais densos, que antes não tinham tanto sucesso de bilheteria quanto as famosas comédias que, durante, pelo menos 40 anos, vinham dominando a preferência das plateias.
De acordo com alguns representantes da classe teatral baiana, ao observarem o quadro atual, afirmam que a comédia ainda se destaca, porém percebem que a preferência do público por este gênero vem sendo, ainda que muito pouco, relativizada e, às vezes, chegando a dividir o páreo com peças mais experimentais.
A peça Os Cafajestes teve sua primeira montagem em 1994 e voltou aos palcos em abril deste ano
Segundo o diretor Fernando Guerreiro, que possui 35 anos de carreira marcada por espetáculos de comédia de sucesso como A Bofetada, que completa 23 anos e atualmente está em cartaz no Teatro Módulo, e Os Cafajestes, “a comédia continua soberana”. Porém, o diretor ressalta que atualmente nem todos os tipos de comédia têm feito sucesso, e ainda observa que o público de espetáculos chamados alternativos vem aumentando a cada dia. Como exemplo, Guerreiro cita o espetáculo Pólvora e Poesia, dirigido por ele, vencedor do Prêmio Braskem de Teatro como melhor espetáculo de 2010 e melhor direção, e que causou burburinho na cidade, lotando os teatros por onde passou.
O premiado espetáculo "Pólvora e Poesia" foi um dos destaques do Fiac 2011, realizado em outubro
Para Guerreiro, está havendo na cidade um fenômeno, cujo protagonista é o espetáculo chamado experimental, em cartaz nos teatros do centro da cidade, decorrente de projetos selecionados por editais, que garantem a possibilidade de se cobrar ingressos mais baratos, atraindo, aos poucos, mais público.
“O centro é menos preconceituoso, já o público da região da Pituba, Itaigara, não abre mão da comédia”. Fernando Guerreiro
Cena da peça "As Velhas", de Luiz Marfuz
Espetáculos que discutem temas como o racismo, a realidade do sertão, e as relações interpessoais têm encontrado cada vez mais espaço, garantindo a volta de espetáculos baianos em festivais, e turnês fora do Estado. É o caso da montagem Namíbia, não!, dirigida por Lázaro Ramos, que depois de lotar alguns teatros baianos, faz temporada no Rio de Janeiro até 27 de novembro. O sucesso de O Sapato do Meu Tio, dirigido por João Lima e As Velhas, de Luiz Marfuz, também vem comprovando a mudança gradativa do gosto do público de teatro de Salvador. Para o coordenador do Teatro Martim Gonçalves, da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Ubirajara Freitas, atualmente, a divulgação bem feita é o que tem garantido plateia lotada nos espetáculos dos alunos da universidade. “Quando o aluno consegue distribuir banners, cartazes e outros tipos de divulgação, o público responde, independente do gênero”, afirma o coordenador.
"A Bofetada" comemora 23 anos com sessões lotadas
O sucesso de A Bofetada é a comprovação de que o público baiano gosta de comédia, segundo o ator Lelo Filho, que faz parte do elenco do espetáculo desde a sua formação. E vai além. Para o ator, não só os baianos, mas o público brasileiro é fã de espetáculos que relaxam e provocam gargalhadas, pois além de comercial e popular, a comédia alcança públicos variados: “A comédia, desde sempre, é um gênero que permite criticar de maneira mais leve, por isso, na plateia a gente encontra pessoas de todos os tipos”, diz o ator. Mesmo tão categórico, Lelo também destaca que outros gêneros vêm despontando no cenário teatral, com atores de projeção nacional, atraindo um público que antes não cultivava certo interesse por espetáculos mais densos, como o caso de Hamlet, escrita no século XVII, por Shakespeare, interpretado por Wagner Moura, em 2009. “Eu fiquei surpreso quando eu vi a plateia lotada. O público foi ao teatro para ver Wagner Moura, mas de qualquer forma, acabou conhecendo Hamlet, de Shakespeare, e isso é muito bom!”, comenta.
A comédia besteirol tem seu lugar
Na década de 1990, surgia na Bahia um tipo de humor que veio para revolucionar o teatro feito, até então, no Estado. E conseguiu. A comédia besteirol, que tem como característica principal a participação do público, agradou de tal forma que, até hoje, atrai uma fatia importante do público. Isso quem diz é o diretor teatral Luiz Marfuz, que acabou de estrear mais um espetáculo, o Meu Nome é Mentira no Teatro Martim Gonçalves.
"Acho muito importante que os artistas de teatro estimulem o público a ver outras coisas". Luiz Marfuz
“Duas décadas pra cá, a comédia tem acentuado por conta das turnês de curta temporada feitas por atores da televisão. Eu não sou contra a este tipo de gênero, embora ache muito importante que os artistas de teatro estimulem o público a ver outras coisas”, diz Marfuz.Confira aqui a programação completa dos espetáculos teatrais em cartaz em Salvador!

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