O humorista Nelson Freitas - conhecido como um artista completo por cantar, interpretar, dançar e fazer comédia - desembarca em Salvador mais uma vez neste domingo (27). Ele apresenta o espetáculo Nelson Freitas e Vocês na sala principal do Teatro Castro Alves (TCA), às 20h.
O currículo do artista vai muito além dos quadros no Zorra Total. Desde 1985, Nelson já participou de minisséries como Rosa dos Rumos e Ilha das Bruxas, além de novelas como Chiquititas e Rainha da Sucata. Também atuou no teatro em peças como Nossa Senhora das Flores, em musicais e no cinema - está em filmes como Muita Calma Nessa Hora e Espiral, onde também foi co-produtor. O humorista já ganhou até prêmio de melhor comediante em 2009, pelo Press Award, Prêmio da Comunidade Brasileira nos USA.
Em entrevista ao iBahia, Nelson Freitas falou sobre os desafios e novidades da carreira, inspirações, os 10 anos do espetáculo Nelson Freitas e Vocês e a relação com Chico Anysio.
Confira.
1) O que te motivou a seguir a carreira humorística?
Depois que terminei a novela Chiquititas, que foi de 1997 a 2000, decidi direcionar a minha carreira ao humor. Foi uma estratégia da minha parte, invés de ficar "arrancando os cabelos" todo fim de novela, por não saber se ia continuar contratado ou não, então lá se vão 17 anos ligado ao humor. Sem falar que eu gosto mesmo é de entreter as pessoas, de fazer os momentos mais agradáveis.
2) E como foi a transição da teledramaturgia para o programa de comédia, Zorra Total, teve alguma dificuldade?
Pelo contrário, pude ser mais eu e colocar para fora esse monte de gente que existe aqui dentro de mim. Me identifiquei mais. A cada quadro, gravava personagens diferentes e cenas de coisas completamente. É uma experiência fantástica poder encarnar várias pessoas ao mesmo tempo. A dificuldade na verdade é zerar tudo isso para voltar às novelas, pois tenho uma expressão facial muito forte, de vez em quando o Jayme vira para mim e fala 'Nelson, Nelson. Menos. Segura a sobrancelha' e eu digo não consigo, ela tem vida própria (risos).
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3) Sua carreira está passando por mais uma transição. Em breve vai voltar às telinhas no elenco de 'Tempo de Amar', de Alcides Nogueira, com direção de Jayme Monjardim. O que as pessoas podem esperar do seu personagem (um vilão ou um mocinho)?
Quando a gente tem essa diretriz fica tudo mais fácil, mas ele não é nem uma coisa nem outra. Bernardo é um pouco atrapalhado, uma pessoa que tem muito dinheiro e é um bom vilão. Ele é um jogador compulsivo, que frequenta o bordel da madame Luceri (protagonizada por Regina Duarte), e sempre gasta mais do que pode. Na trama, sou casado com a personagem de Deborah Evelyn e pai de Celina, interpretada por Barbara França.
4) Querendo ou não, o que é mais marcante da sua carreira são os anos no elenco do Zorra Total. Qual personagem mais te marcou?
O meu preferido, é um que inventei de cabo a rabo, o Carretel. Nesse quadro, fiz dupla com Fabiana Carla, a Lucicreide, que é uma pessoa espetacular e a gente se divertia. Mas, o que mais marcou minha trajetória foi o quadro de Leozinho e Marcia, que gravava com a Maria Clara Gueiros. A esposa de Leozinho sempre chegava tarde em casa ou de manhã cedo contando as mentiras mais absurdas e ele acreditava e fomos campeão de audiência. Os bordões também me marcaram muito, entre eles 'ô criola difícil', 'vuco vuco' e 'crava essa estaca nesse peito corno'.
5) Com um currículo profissional recheado em todos os âmbitos artísticos, o que você considera ter sido o mais difícil de fazer?
O mais difícil foi a 'Dança dos Famosos'. Não pela dança em si, mas porque era muita tensão. A gente só tinha quatro dias para ensaiar e era tudo ao vivo. Foram quatro meses de pânico, terror e alta tensão (risos).
6) Você tem planos de voltar ao humor ou pretende continuar nas novelas?
O humor é muito confortável. Retornar ao humor é sempre muito gostoso e gratificante, é minha turma e o meu clube. Mas o que está em foco agora é o espetáculo Nelson Freitas e Vocês.
7) São 10 anos apresentando o espetáculo. Como começou tudo isso? Quais são suas expectativas para o público de Salvador?
Aconteceu porque eu queria muito fazer um show solo ai falei com o Bruno Mazzeo, que me orientou a procurar o Chico Anysio. Depois de algumas conversas, o espetáculo foi surgindo. Acho que é um espetáculo muito competente, que já esteve em várias cidades brasileiras, mas ainda quero levar para muitas outras.
8) Falando no Chico Anysio como é essa relação de manter o nome dele nos créditos mesmo após seu falecimento?
Ele criou a obra, deu várias orientações que transformaram o show no que ele é hoje. Manter o nome do Chico nos créditos é o nosso dever e também até hoje mantemos as orientações e diretrizes dele. Em um dos últimos momentos com Chico, no aniversário dele, estavam todos em sua casa e durante o discurso ele disse: 'Na vida a gente morre duas vezes, quando a gente se livra dessa casca que nos deram para viver essa aventura nessa sementinha de passagem e outra é quando uma pessoa que te conheceu fala seu nome pela última vez'. Então é uma das maneiras de mantermos o Chico Anysio vivo. Eu mantive o nome dele no título e vou manter enquanto fizer o espetáculo.
9) Precisou fazer alguma modificação no espetáculo para a apresentação em Salvador?
O espetáculo é dinâmico, fica em completa transformação o tempo todo. A energia da plateia é muito determinante nessa condição de como o espetáculo vai ser levado, porque a quarta parede vai estar sempre aberta. Estou me relacionando com a plateia o tempo todo, provocando, instigando e dando dicas de autoestima.
10) O que as pessoas podem esperar do espetáculo? Tem algum ponto alto na apresentação?
No espetáculo a gente fala de relacionamento, entre marido e mulher, no trabalho, das dificuldades das pessoas com mais de 50 anos de lidar com a modernidade, como se relacionar com a proximidade do fim, tudo de forma muito humorada. Uma das partes mais marcantes do espetáculo é quando falo "Como nós brasileiros conseguimos chegar na fase adulta com o mínimo de alto estima, se somos embalados pelas cantigas mais idiotas da face da terra?". E ai vou desfolhando as músicas infantis e de ninar que são verdadeiros terror para as crianças.
Tem uma mistura de imitação, piadas e músicas é um show único, que tem como objetivo fazer as pessoas que estão ali não pensarem em mais nada a não ser nas bobagens que eu falo durante as uma hora e dez minutos de espetáculo.
Serviço:
Nelson Freitas e vocês
Dia: 27 de agosto (domingo)
Horário: 20h
Local: Sala principal do Teatro Castro Alves
Valores:
R$ 90 e R$ 45 (das filas A a P); R$ 80 e R$ 40 (das filas Q a Z6) ; R$ 60 e R$ 30 (das filas Z7 a Z11)
Classificação: 16 anos
Venda:
Os ingressos para o espetáculo podem ser adquiridos na bilheteria do Teatro Castro Alves, nos SACs do Shopping Barra e do Shopping Bela Vista ou pelos sites Ingressos Rápido.
*Sob supervisão do repórter Guinho Santos
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Redação iBahia
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