A disputa de terras entre índios e fazendeiros no sul da Bahia será julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 9 de maio, segundo informou em coletiva nesta quinta-feira (26) a nova presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marta Maria do Amaral. A informação é da reportagem da Globo Natureza. Amaral tomou posse hoje e substitui Márcio Meira. Ela disse que ainda não tem "conhecimento total sobre o assunto", mas que a Funai trabalha e vai continuar trabalhando ao lado da Polícia Federal e do governo baiano para preservar a segurança nas fazendas da região em conflito. “Temos tentado garantir a manutenção de uma situação pacífica no local até que o Supremo julgue o procedimento da área. A decisão será tomada em 9 de maio. Estamos tentando garantir o apaziguamento dos ânimos naquela região, uma área que os pataxó ocupam desde a década de 1920”, disse a nova presidente da Funai. Um levantamento do próprio orgão aponta que existem cerca de 60 fazendas ocupadas por índios em Pau Brasil, Camacan e Itaju do Colônia. Embora o conflito exista há mais de 30 anos, as ocupações se intensificaram este ano, o que deixa o clima na região perigoso. Na última semana, a Polícia Federal anunciou um reforço do seu efetivo na região e a Secretaria da Segurança Pública informou que uma força-tarefa atuará no sul do estado até que a situação seja resolvida.
Funcionário morto e índio baleadoNa tarde de sexta-feira (20), Júlio César Passos Silva, 32 anos, funcionário da fazenda Santa Rita, que fica na zona de conflito, foi morto com um tiro na cabeça durante um tiroteio. Um índio também foi baleado na perna no confronto. O corpo do funcionário só foi encontrado por volta das 14h de sábado (21), quando agentes da Polícia Federal, Polícia Militar e Polícia Civil estiveram na região onde teria ocorrido o tiroteio. Já o índio Ivanildo dos Santos, baleado na perna, foi socorrido por outros índios da tribo pataxó hã-hã-hãe e encaminhada para o Hospital de Base, também em Itabuna. Equipe da Folha de S. Paulo ameaçadaTambém na sexta-feira, o repórter fotográfico da Folha de S. Paulo Joel Silva, de 46 anos, e o motorista Igor Correia, de 25, foram ameaçados por dois grupos de homens fortemente armados na zona rural de Pau Brasil. Sem olhar para o grupo, obedecendo a ordem dos homens armados, o fotógrafo e o motorista foram perguntados sobre a razão pela qual estavam na cidade e depois de sete minutos foram liberados, sob a ameaça de serem baleados caso olhassem e identificassem os agressores. Antes, o grupo inspecionou o equipamento fotográfico e guardou no porta-malas do carro. Segundo o policial civil Sagro Bonfim, a equipe da Folha estava em um carro de locadora, sem plotagem do jornal, dentro de uma área ocupada pelos índios, o que pode ter gerado a desconfiança dos supostos seguranças. "É uma área de conflito e eles não estavam acompanhados pela Polícia Federal, correram risco de vida", relatou o policial. Em reportagem publicada na sexta (20), a Folha de S. Paulo denunciou a presença de homens fortemente armados na segurança da fazenda Santa Rita, pertencente ao ex-prefeito de Pau Brasil Durval Santana. A polícia civil não confirmou se as ameaças sofridas pela equipe da Folha na cidade tem relação com a reportagem publicada no jornal. DisputaAs invasões são estratégia dos índios pataxós para garantir a posse da terra uma vez que aguardam julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), de ação de 1982 para retirada dos fazendeiros que ocupam terras que os índios consideram como parte de reserva indígena.
Efetivo da PF desembarcou em Ilhéus para ajudar a controlar conflito entre fazendeiros e índios |
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