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Bembé do Mercado se torna Patrimônio Cultural do Brasil

Celebração centenária de Santo Amaro da Purificação ganhou o registro do Iphan nesta quinta-feira (13)

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Redação iBahia

14/06/2019 às 17:55 • Atualizada em 29/08/2022 às 19:25 - há XX semanas
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Celebração centenária de Santo Amaro da Purificação, o Bembé do Mercado foi reconhecido nesta quinta-feira (13) como Patrimônio Cultural do Brasil. O registro foi confirmado por unanimidade após reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural em Brasília, na sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Foto: Divulgação

Realizado há 130 anos na cidade do Recôncavo Baiano no dia 13 de maio (a primeira celebração aconteceu em 1889, um ano após a publicação da Lei Áurea), o Bembé tem origem nas religiões de matriz africana e se divide entre as cerimônias para os ancestrais, como o Padê de Exu, o Orô de Iemanja e Oxum; o "Xirê", palavra yorubá que remete à roda ou dança para reverenciar os Orixás; e a entrega dos Presentes destinados a Iemanjá e a Oxum.

Desde 2013, a Associação Beneficente e Cultural Ilê Axé Ojú Onirè submeteu ao Iphan o pedido para registrar a celebração como patrimônio imaterial. Com o reconhecimento, o Estado passa a ser responsável pela salvaguarda da festa e pela preservação de sua tradição.

"Este processo aponta ações de curto, médio e longo prazo. Uma das propostas iniciais é a construção de uma Casa da Memória, um local de registro, acervo e centro de pesquisa", adianta Hermano Queiroz, diretor do Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan. "Também pretendemos trabalhar esta importante manifestação cultural do ponto de vista educacional."

Foto: Jurandy Boa Morte/Divulgação

Presidente da Associação Ilê Axé Ojú Onirè, o babalorixá Jose Raimundo Lima Chaves, conhecido como Pai Pote, celebrou o reconhecimento nacional ao Bembé do Mercado, que desde 2012 já era considerado Patrimônio Imaterial da Bahia. Para ele, o registro é importante em um momento de aumento de episódios de intolerância religiosa no país.

"Isso fortaleceu não só o Bembé mas todos os terreiros do Brasil", comemorou Pai Pote. "Sei que o momento é de luta, mas eu sou de Ogum, que sempre vence suas batalhas."

Além das ações concretas, a expectativa é que o título amplie a divulgação do Bembé do Mercado para além da Bahia. Fora do estado, a celebração é lembrada pelo citação na letra de "13 de maio", composta por Caetano Veloso, filho ilustre de Santo Amaro.

"É curioso como o Bembé tem menos projeção de que outras festas locais, mesmo sendo centenária. Espero que o título ajude neste reconhecimento", torce Jorge Velloso, sobrinho do cantor e autor do livro "Candomblé de rua — O Bembé de Santo Amaro". "O Bembé representa uma resistência histórica, por isso foi perseguido e proibido de ser realizado em alguns anos. É incrível pensar que já se dançava o Xirê nas ruas de Santo Amaro um ano após a Lei Áurea. Talvez hoje isso fosse mal recebido se acontecesse nas ruas do Rio e de São Paulo."

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