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ONG diz que médicos ginecologistas negligenciam lésbicas no Rio

De acordo com pesquisadora, profissionais não reconhecem a vida sexual entre duas mulheres

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10/09/2011 às 16:52 • Atualizada em 04/09/2022 às 7:55 - há XX semanas
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Rio de Janeiro - Lésbicas no Rio denunciam que médicos deixam de solicitar, durante consultas ginecológicas, o exame que pode ajudar a prevenir o câncer de colo de útero porque elas não mantêm relações sexuais com homens. A organização não governamental (ONG) Grupo Arco-Íris informou que constatou o problema na rede de saúde pública e privada da capital fluminense. Na pesquisa qualitativa Atendimento Ginecológico diante de Práticas Lésbicas e Bissexuais, todas as 20 mulheres entrevistadas em 2010 relataram que depois de revelada sua orientação sexual os médicos não pediram o exame. "Os profissionais não reconhecem vida sexual entre duas mulheres", afirmou a coordenadora da pesquisa e uma das diretora da Arco-Íris, Marcelle Esteves. "É assustador porque só se pode fazer a prevenção do vírus de HPV - sexualmente transmissível - a partir do exame ", destacou a diretora, lembrando que mesmo sem se relacionar com homens, as lésbicas fazem sexo. O levantamento constatou também que entre as lésbicas, as que têm identidade mais masculinizada são menos submetidas ao preventivo que as demais. "Eles [os médicos] não pedem [o exame] e não sabem nos aconselhar sobre o risco de transmissão de DST [doenças sexualmente transmissíveis], como o HPV. É sempre a mesma coisa", reclamou a estudante Fabiana Ormonde. Diante do problema, o Fórum de Mulheres Lésbicas e Bissexuais do Estado do Rio quer que o foco das campanhas sobre DST e aids não seja apenas os travestis e homossexuais. Para as ativistas, é preciso divulgar mais informação sobre a transmissão de DST entre mulheres que fazem sexo com mulheres e aprofundar projetos de sensibilização com as secretarias de Saúde. O fórum também defende a distribuição de preservativos específicos para sexo entre mulheres, mas que ainda não são produzidos em escala no Brasil. "Em uma fábrica de São José de Campos (SP) desenvolvemos com dinheiro de uma fundação internacional um protótipo com base em modelos dos Estados Unidos e da Malásia. Vem sendo aprovado", disse Marcelle. Com a capacitação de servidores em clínicas de Saúde da Família, a Coordenadoria da Diversidade Sexual da capital fluminense disse que precisa primeiro assegurar o atendimento à população de gays, lésbicas e travestis (LGBT) nos postos de saúde. "Nesse primeiro momento, não pensamos nisso por uma questão de atribuições", disse o coordenador do programa, Sérgio Camargo. A Secretaria Municipal de Saúde reafirma que não existe motivo para os médicos não pedirem o preventivo às lésbicas. Gisele Israel, da Gerência do Programa de Aids, atribui o problema ao preconceito e ao desconhecimento. "Como os profissionais não passam por uma proposta de qualificação com um olhar para o diferente, os serviços se constituem sem um olhar apurado". O superientende de Vigilância Ambiental e Epidemiológica da Secretaria estadual de Saúde, Alexandre Chieppe, confirma que mesmo com capacitação não é fácil mudar a rotina do atendimento. "Capacitamos os gestores municipais, a questão das lésbicas está inserida nos programas de saúde da mulher, mas precisamos romper paradigmas". Segundo os gestores ouvidos pela Agência Brasil, a produção de preservativos para o sexo entre mulheres ainda é inviável porque o produto não tem as certificações necessárias.

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