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'Precisamos parar de naturalizar o assédio', afirma secretaria

À frente da Secretaria Estadual de Políticas para as Mulheres (SPM), médica Julieta Palmeira conversou com o iBahia sobre os desafios da gestão e do combate à violência

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Redação iBahia

16/01/2018 às 0:00 • Atualizada em 26/08/2022 às 22:38 - há XX semanas
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Criada há sete anos, a Secretaria Estadual de Políticas para as Mulheres (SPM) é gerida por Julieta Palmeira, médica e ex-presidente da Bahiafarma. Com o foco na execução de políticas públicas para as mulheres, a pasta é uma das principais ferramentas no enfrentamento da violência contra a mulher. Em entrevista ao iBahia, a secretária falou das ações que vêm sendo realizadas, além das dificuldades encontradas no que se refere ao combate contra o assédio sexual na estado.

Foto:Reprodução/Agecom

i) Quais os principais avanços da pasta ao que se refere ao eixo de enfrentamento à violência contra as mulheres, sobretudo, em relação ao assédio?
J) É uma questão complexa de desconstruir uma cultura. Não é só uma questão de educação. Sobre o assédio, eu acho que a gente tem feito algumas ações importantes como, no último carnaval, a campanha "Respeite As Mina", que começou como uma ação estratégica para a festa e depois ganhou outra proporção e, essa grande sensibilização da sociedade nos levou a fazer caravanas nas escolas e nos municípios, também na zona rural.

i) Como a senhora vê a criação de políticas estruturantes no que se refere ao combate ao assédio?
J) As políticas estruturantes são fundamentais para a promoção da equidade de gênero e para o enfrentamento à violência no geral, não apenas para o combate ao assédio. Além disso, as campanhas de sensibilização também contribuem para desnaturalizar às várias formas de violência contra as mulheres. Precisamos enfrentar o desafio de falar sobre essa cultura do assédio e do estupro. O assédio acontece em todos os lugares, no metrô, no ônibus, na escola. Fizemos, recentemente, os 21 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres na Bahia com uma ação no metrô. As mulheres precisam reagir, registrar o ocorrido dentro do ônibus. Não podemos conviver nem naturalizar esse tipo de violência. A gente considera que o assédio implica num contato íntimo com a outra pessoa sem o consentimento, mas também inclui comentários jocosos.

i) Vocês esperavam o sucesso, praticamente, imediato da campanha "Respeita As Mina"?

J) Tivemos uma grande adesão no carnaval na campanha, mas isso poderia fluir de forma permanente. Campanha é uma coisa transitória. Precisamos de políticas mais estruturantes. É o que a gente está tentando fazer com a sociedade civil, as escolas, os meios de comunicação. Nós achamos que no carnaval como isso causou um grande impacto e fomos nesse fluxo. É preciso que quando a mulher chegue na delegacia e isso seja registrado. Nas delegacias, isso é ainda muito difícil porque são necessárias muitas ações conjuntas. No Carnaval, conseguimos uma ação muito unificada e achamos que essa experiência deveria ser mantida permanentemente. A sensibilização é algo importante, porque começamos a estimular o depoimento e a fala de muitas mulheres. Os homens devem refletir mais sobre o assédio. O sexismo é algo muito perverso. A gente precisa parar de ver o assédio como algo natural, é preciso quebrar essa naturalização. Os resultados não são aparentes, mas existe uma grande adesão da sociedade civil.

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