Mais duas mulheres vieram a público ontem relatar abusos sexuais que dizem ter sofrido do médium João Teixeira de Faria, o João de Deus. Em entrevista veiculada no “Fantástico”, uma das vítimas, cuja identidade foi protegida, conta que manteve um diário com relatos em português e em inglês, para seus pais não entenderem algumas passagens. Nas anotações, há registro de mais de 20 momentos em que foi abusada.
Já chega a 255 o número de relatos de vítimas que afirmam ter sido abusadas pelo líder espiritual. João de Deus, que nega as acusações, está preso preventivamente há uma semana.
— Ele passava o pênis no meu ventre e colocava no meio das minhas nádegas — relatou a mulher ao Ministério Público de Goiás. Na época das violações sexuais, ela tinha 20 anos.
De acordo com o MP-GO, que lidera as investigações, seus escritos farão parte do escopo de provas do inquérito.
A segunda vítima, Gleise, é uma brasileira que vive nos EUA. Ela morou por dois anos em Abadiânia, cidade no interior de Goiás onde João atendia e onde Gleise conheceu seu marido, que ficou surdo após ter meningite, aos 3 anos de idade. Ele nunca se curou, e hoje está na fila para fazer cirurgia e colocar aparelho auditivo.
Procurado, o advogado de João Teixeira, Alberto Toron, defende que cada caso seja tratado separadamente.
— Me parece que o campo correto para esse debate, para o escrutínio dessas acusações, é no processo, onde cada caso será tratado individualmente.
Se forem apresentadas de forma coletiva, as acusações apresentam maior peso de provas contra João.
Nos dois anos em que Gleise viveu em Abadiânia, conta ter conhecido o dia a dia da Casa de Dom Inácio. Diz não conhecer uma pessoa sequer a ter sido curada no centro espiritual e sustenta que João cobrava no mínimo R$ 1 milhão para fazer sessões fora do Brasil.
— O interesse dele era estritamente financeiro —afirma.
Gleise também disse à TV Globo que João andava armado e cercado por seguranças. Nas buscas nos imóveis do médium, foram encontrados R$ 1,6 milhão, € 770 e US$ 908, pedras preciosas e armas.
Ela afirma ainda que o médium controlava o comércio local. Comerciantes interessados em abrir um empreendimento na região precisavam da autorização de João, o que se conseguia indo a uma sessão e pedindo às “entidades” que ele afirmava incorporar. Informações já divulgadas pela revista “Época” revelam que as lojas no entorno da casa apresentavam o selo “Entity approved” (aprovado pelas entidades).
Assista o vídeo do depoimento:
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Redação iBahia
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