Este ano, para minha alegria e de milhares de foliões, o tradicional circuito Osmar Macedo ficou movimentado, o que não acontecia havia muito tempo. Trabalhei no circuito de domingo a terça-feira e pude constar que boa parte das estrelas da música baiana voltou a desfilar na passarela Nelson Maleiro. Foi lindo ver BaianaSystem, Carlinhos Brown, Claudia Leitte, Daniela Mercury, Durval Lelys e outros artistas.
Havia 20 anos, Durval não pisava no Circuito Osmar. Passou emocionado, parecendo um menino pequeno ao ganhar um presente. É bem verdade que o circuito precisa ser melhorado em vários aspectos, bem antes do período carnavalesco.
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Na sexta do Olodum, o afro do Pelourinho arrastou mais de 30 mil foliões. O prefeito Bruno Reis garantiu que novidades virão para melhorar o circuito histórico. Tomara! Vi parte do Carnaval trabalhando no Campo Grande. Uma pena que não vi quem eu tanto queria: a elegância sofisticada do Cortejo Afro. Não vi também o Olodum (só a saída no Pelourinho) e nem os Filhos de Gandhy. Perdi também o Alvorada, homenageando o poeta Capinam, mas vi tudo o mais.
Vi, indignada, inclusive, o que não queria presenciar: dez integrantes das Muquiranas subindo nos abrigos dos pontos de ônibus. Fiquei tensa porque ali poderia ter acontecido uma tragédia, além do equipamento que poderia ser danificado. Poderia ter desabado e ferido e até matar pessoas que estavam assistindo ao desfile. Felizmente foram retirados pela Polícia Militar. A diretoria do bloco precisa tomar posições drásticas. Quem sabe mexer no bolso dessa gente, estabelecer multas para os infratores e até excluí-los?
Que Carnaval foi esse, minha gente?! Veja relato de Wanda Chase sobre o retorno da folia
— iBahia (@iBahia) February 24, 2023
Crédito: Davi Melo pic.twitter.com/Erg4vr1fRh
Já gostei muito das Muquiranas, porém a cada ano fico decepcionada. Circula nas redes socais uma cena grotesca que ocorreu na terça-feira de Carnaval, no circuito Campo Grande. Uma mulher é encurralada por um grupo de associados do bloco. Os homens jogavam água nas mulheres com as pistolas. Só não foi pior porque apareceu um guarda municipal. Cenas de horror. Até quando essas violências contra as mulheres durante a folia vão passar impunes? Não foi a primeira vez!
Mulher é atacada por homens do bloco 'As Muquiranas' no Circuito Osmar; veja vídeo
— iBahia (@iBahia) February 22, 2023
📽️ Reprodução / Redes Sociais pic.twitter.com/QCCdP2KjPy
Esse comportamento de alguns foliões das Muquiranas é inaceitável. Carnaval é pra se brincar e não agredir, desrespeitar. Basta ver o BaianaSystem que passou com uma pipoca linda. Era tanta gente.. mas o folião que se esbaldava seguindo o Navio Pirata, estava mesmo a fim de se divertir, no clima do ‘mantra’ do vocalista Russo Passapusso: é só amor! Um arraso!
Terminei meu carnaval em cima do camarote andante, com Carlinhos Brown. O Cacique idealizador e criador do arrastão da Quarta-de-Cinzas levou mais de duzentos percussionistas debaixo de um sol quente para se apresentar, numa manhã de verão.
Tudo em nome da folia e do respeito aos que trabalharam na festa e não puderam aproveitar. Afinal, o cacique criou o arrastão pensando nessas pessoas. Como bem disse o Cacique, a gente pode mudar a história que não nos agrada. Queremos cultura e inclusão. Uma festa cada vez mais democrática!
Resposta do bloco 'As Muquiranas'
O iBahia entrou em contato com o bloco e, em carta aberta, a entidade disse que “é contra todo e qualquer tipo de violência, preconceito e assédio e lamenta qualquer atitude que evidencie essas práticas.”
Além disso, foi informado que “colocamos todos os dados que temos a disposição do poder público, para que identifiquem o folião e tomem as providencias cabíveis com tal cidadão.”
"Não concordamos com nenhum tipo de vandalismo fora e muito menos dentro do bloco, portanto, através das câmeras, iremos identificar os foliões que destruíram o ponto de ônibus e iremos bani-los da nossa rede de associados. Qualquer retaliação a partir daí, também fica a critério das autoridades."
Quanto ao uso das pistolas d’água, a entidade reforçou que o item “não faz parte do kit da fantasia do bloco e, cientes dos transtornos que as mesmas causam, fazemos campanhas ao longo de todo o ano, inclusive, este ano, exibimos no leed do trio, a imagem de não a apoio do uso do brinquedo dentro do bloco. Na entrega de fantasias, entregamos panfletos, colocamos banners, adesivos em defesa de uma campanha para o ‘Não Uso das Pistolas D’Água’. No entanto, infelizmente, por lei, não temos como proibir que foliões vão para a avenida portando o brinquedo, que é registrado pelo Inmetro e liberado para uso de crianças e, lamentavelmente, as pessoas compram no Carnaval para esse uso indevido.”
A carta relata ainda que a entidade tem uma parceria com o Ministério Público, com a Secretaria de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude, com a Prefeitura e o Movimento Luto Por Elas onde desenvolvemos e trabalhamos não apenas com os foliões mais com toda sociedade nossas campanhas de respeito ao próximo e contra intolerância.
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