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Quem poderia dizer que saindo das bandas de Exú, ao pé da serra do Araripe, levando para a cidade grande apenas seu matolão (tipo de mala de viagem do sertanejo) carregado de xóte, maracatu e baião ele se tornaria rei? Pois foi assim que o ilustre filho de Januário, Luiz Gonzaga, fez história.Foi no Rio de Janeiro dos anos 40 que o velho Gonzaga iniciou sua carreira artística, tocando polcas, tangos, blues, xotes, sambas e outros gêneros para divertir marinheiros e malandros frequentadores de um boêmio bairro carioca – o Mangue. O pernambucano agradou tanto que foi convidado para tocar em outros bairros. E não parou mais, indo tocar nos programas de rádio da época.Com este reconhecimento, o músico iniciou a alteração do seu repertório, incluindo a música nordestina a qual foi habituado a ouvir. A partir daí, o Brasil passou a conhecer o “Luar do Sertão”, a tristeza da “Asa Branca” e do “Assum Preto” e como é dançar um “Forró no Escuro” ou “Numa Sala de Reboco”. Mas foi nos convidando para aprender a dançar o baião que Gonzagão consolidou seu trabalho, se tornou o “Rei do Baião” e o forró passou de simples momentos (locais) de lazer do nordestino para produto da indústria fonográfica e cultural brasileira. A música “Baião”, autoria de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, fez tanto sucesso que deixou de ser tão somente uma música para se configurar também como um dos ritmos que compõem o forró. Passou a ser o ritmo que capitanearia a propagação da música nordestina pelo Brasil. Seu Luiz, que, se vivo, completaria, em 2012, 100 anos, abriu caminhos para artistas como Dominguinhos, Marinês, Elba Ramalho, Alceu Valença, Os 3 do nordeste e tantos outros, assim como influenciou muitos artistas da música popular brasileira, a exemplo de Gilberto Gil e Gal Costa.Ao inserir o forró na indústria cultural brasileira, e deixar centenas de músicas e descendentes musicais, Gonzaga não só apresentou o forró ao Brasil mas, como já cantou o Trio Nordestino, “ele [o forró] tomou conta do mundo”.
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Sobre Tiago Cardoso: Apaixonado por música. Publicitário graduado, administrador em formação e produtor por opção, nos últimos anos, reforçou sua paixão pelo forró. Hoje se vê cada vez mais envolvido sendo, atualmente, um entusiasta na divulgação e difusão dessa festa-dança-gênero musical.