Os cartunistas e demais jornalistas mortos na redação do jornal Charlie Hebdo, no último dia 7, foram homenageados hoje (14) por colegas brasileiros. Durante um encontro que reuniu nomes como Ziraldo, Jaguar, Miguel Paiva e o humorista Marcelo Madureira, os profissionais franceses foram lembrados e todos defenderam a liberdade de expressão como valor inegociável.
O cartunista Jaguar, que se notabilizou pelos traços críticos durante a ditadura militar, disse que não se pode conter o humor e classificou o que aconteceu em Paris como uma guerra. “Nós estamos em guerra e temos que pegar pesado contra esses malucos fundamentalistas e terroristas”, disse Jaguar, que comparou o atentado com a época em que os militares matavam e torturavam no Brasil. “Não faz diferença os milicos que mataram e torturam durante a ditadura e esses fundamentalistas que acham que matar é a solução”.
Fernando Frazão/Agência Brasil |
Jaguar lembrou, porém, que a França tem responsabilidades com os povos muçulmanos, pelo seu passado colonialista na África, principalmente na Argélia. O cartunista exibiu uma charge mostrando Deus em diálogo com Maomé, o que é considerado ofensivo pelos muçulmanos, pois os princípios islâmicos proíbem a representação humana de Maomé. O desenhista Ziraldo disse que o motivo do encontro era a preocupação das pessoas com o tempo atual. “A gente tem que se mobilizar. Alguma coisa tem que ocorrer na sociedade para sabermos como enfrentar essa epidemia, mais perigosa que o ebola, que é o terror. Temos que descobrir como ganhar essa guerra”, propôs Ziraldo.
A homenagem foi organizada pelo Instituto Casa Grande, presidido pelo ex-senador e ex-prefeito do Rio Saturnino Braga, político ligado a partidos de esquerda, que lutou contra a ditadura militar. “Há um movimento no mundo todo de solidariedade ao povo francês e repúdio a esse ato. Não foi só contra a liberdade de imprensa ou contra a França. Atingiu o ser humano, as liberdades essenciais da vida. Vivemos um tempo sombrio, porque não se sabe o desenrolar disso”, assinalou. “Há uma guerra no Oriente Médio que tem repercussões no mundo inteiro, porque entra a dimensão religiosa e uma história de opressão que o Ocidente cometeu em cima daqueles povos e que gera uma reação política. Nós queremos é que tudo isso não degenere em uma guerra de maior proporção. Que se busque a paz e o entendimento”, pediu Saturnino.
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