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Os onze policiais militares suspeitos de participarem da morte de Geovane Mascarenhas Santana, em 2 de agosto de 2014, foram denunciados por sequestro, roubo e homicídio qualificado, por motivo torpe e sem possibilidade de defesa da vítima. Seis deles ainda responderão por ocultação de cadáver. Todos foram afastados da Polícia Militar enquanto aguardam julgamento. O Ministério Público não pediu a prisão dos envolvidos por entender que eles não representam risco ao andamento do caso.Participaram de uma coletiva sobre o caso nesta sexta-feira (17) a promotora de Justiça Isabel Adelaide Moura, o procurador-geral de Justiça Márcio Fahel, o secretário da Segurança Pública Maurício Barbosa, o comandante-geral da Polícia Militar, Anselmo Brandão, e o delegado-chefe da Polícia Civil, Bernardino Brito, além dos delegados José Bezerra Júnior e Jorge Figueiredo.Foram indiciados o subtenente PM Claudio Bonfim Borges, os sargentos PMs Gilson Santos Dias e Daniel Pereira de Souza Santos e os soldados PMs Jesimiel da Silva Resende, Jailson Gomes Oliveira, Claudio Cezar Souza Nobre, Fábio Sodré Lima Masavit Cardozo, Jocenilton dos Santos Ferreira, Roberto Santos Oliveira, Alan Moraes Galiza dos Santos e Alex Santos Caetano.Segundo a Polícia Civil, a investigação foi concluída com ajuda de provas periciais e de testemunhas, permitindo a identificação de todos os envolvimentos. Imagens da câmera de segurança de um imóvel na rua Nilo Peçanha, na Calçada, mostraram quando Geovane foi abordado pelo subtenente Claudio Nobre e pelos soldados Jesimiel e Jailson, que estavam com uma viatura da Rondesp.Os policiais disseram que levaram Geovane na viatura até a rua Luiz Maria, onde ele passaria por reconhecimento com uma vítima de roubo. A mulher não reconheceu Geovane como assaltante e segundo os policiais ele foi liberado na presença da vítima. A testemunhas no entanto foi ouvida no Departamento de Homicídios de Proteção à Pessoa (DHPP) e negou essa informação. Inicialmente, os policiais também disseram que não conheciam Geovane, mas a polícia descobriu que ele frequentava constantemente a casa da ex-mulher, onde vivia sua filha, na mesma rua onde mora o soldado Jesimiel.
ContradiçõesA partir daí, o delegado Jorge Figueiredo solicitou informações de GPS das viaturas que estavam de plantão e dados das escalas e relatórios nos dias 2 e 3 de agosto. A partir daí, a polícia conseguiu decifrar o que aconteceu e identificar os envolvidos.A perícia identificou que a fiação do GPS da viatura do subtenente Claudio foi danificada e só foi possível verificar o percurso feito através das coordenadas registradas pelo GPS do rádio HT, de comunicação entre as viaturas e a Central de Polícia. A investigação mostrou com esse dado que a guarnição do subtenente Claudio se encontrou com a formada pelos sagento Gilson e soldados Claudio Cezar, Fabio e Josenilton entre as 17h21 e 17h35.[youtube UEAry339RQ0]Em depoimento, os PMs negaram inicialmente terem se encontrado, mas depois alegaram que as guarnições se encontraram rapidamente para informar ao subtenente que um dos soldados sairia mais cedo. O GPS das viaturas registrou também que ambas voltaram à base da Rondesp com sete minutos de diferença.O GPS também comprova que as viaturas estiveram na travessa São Rafael, perto do Parque de São Bartolomeu, e no Parque Tecal, em Campinas de Pirajá, onde posteriormente forma encontrados os restos mortais de Geovane. As viaturas estiveram no local entre 21h e 22h do dia do desaparecimento do rapaz.Por fim, o DHHP afirma que um relatório de serviço, que descreve as atividades desenvolvidas pelas guarnições durante os plantões, assinado pelo subtenente Claudio, entre às 19h do dia 2 até as 2h do dia 3, registra rotas totalmente distintas das obtidas pelo GPS. Em nenhum momento, segundo os investigadores, é citada a mudança de rota das guarnições, que afirmaram ter trafegado apenas em localidades na região da Liberdade, IAPI e Pau Miúdo.O laudo da polícia apontou que Geovane foi morto por decapitação. O documento aponta que, após a decapitação, o corpo foi carbonizado, além de sofrer mutilações. A ação é classificada no exame como “dantesca”. Geovane foi “vítima de decapitação seguida de carbonização, ações de extrema violência, associadas a requisitos de característica dantesca com a mutilação e retirada das mãos, dos testículos e do pênis e das tatuagens”, diz o laudo.