Os 17 trabalhadores que foram resgatados no bairro de Doron na última sexta-feira (15) e eram submetidos a situação análoga a escrevidão vão receber de R$120 mil, cerca de R$7 mil para cada. De acordo com o Ministério Público do Trabalho da Bahia (MPT-BA), o valor da indenização foi fixado nesta segunda-feira e será pago pela empresa para qual as pessoas trabalhavam. Dois homens que trabalhavam para a GAF Logística e atuavam como aliciadores no esquema foram presos também na última sexta (15). A empresa ainda terá que arcar com com os custos da hospedagem e da alimentação do grupo até as homologações, além das passagens aéreas de volta ao Rio de Janeiro, estado de origem dos trabalhadores. O dono da GAF Logística, Gustavo Adolfo Frazão Campilho, pediu prazo até esta terça-feira (19) para levantar fazer o pagamento. Foi a primeira vez em que uma operação flagrou a prática de trabalho análogo ao de escravo em Salvador. Os trabalhadores eram submetidos a condições de trabalho degradantes e além da indenização financeira, as vítimas do esquema ainda receberão uma guia para dar entrada em pedido para receber o seguro-desemprego. Os valores das reparações foram calculados pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), com base nos depoimentos dos resgatados. Os trabalhadores contaram que chegaram a Salvador de avião no fim de fevereiro e estavam distribuíam listas telefônicas da Telelistas em troca de um pagamento não definido - alguns dizem que receberiam R$ 200, mas uma pessoa declarou que receberia apenas R$ 40 para voltar ao Rio depois de encerrar o trabalho. Uma das trabalhadoras resgatadas, Darcilínia Gomes da Silva, 58 anos, disse que já trabalha em esquemas do tipo há 5 anos. “Uma pessoa da minha idade não acha emprego fácil. Então prefiro vir para outras cidade para esse trabalho e ganhar o que dá”, relatou para os auditores e procuradores. Ela revelou que recebia gorjetas de pessoas para as quais entregava as listas telefônicas e era com esse dinheiro que fazia lanches e pagava o transporte. “Depois quando voltar para o Rio o pessoal me dá uns R$40 ou R$50. Melhor do que nada”, diz. O MPT-BA investiga a possibilidade do número de vítimas ser maior. "Na próxima semana devemos chegar a mais dois grupos que temos notícia que estão alojados em outros locais da cidade", diz o auditor fiscal do trabalho Joatan Reis. A Telelista será notificada para apresentar a relação de empresas contratadas para a distribuição de listas, que também serão investigadas. Os dois presos, José Arildo Rodrigues e Edson Muniz da Silva, foram detidos em flagrante pela Polícia Federal, a partir de denúncia feita a SRTE. Eles foram levados para a superintendência do órgão, em Águas de Meninos, onde ficarão presos. O dono da GAF Logística já informou, no entanto, que tentará conseguir um habeas corpus para os acusados. Matéria original: Correio 24h Trabalhadores em situação análoga à escravidão receberão R$120 mil
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