A notícia acompanha o rádio desde sua chegada ao Brasil, há 100 anos. Ao longo desta linha do tempo, a forma com que os fatos são veiculados mudou, de acordo com as necessidades da sociedade como um todo, e ao contrário do que muitas pessoas imaginam, o rádio não está morto.
Desde primeira emissora do país, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, fundada por Edgard Roquette-Pinto, (conhecido como pai do rádio) em 1923, que o jornalismo faz parte da programação deste meio de comunicação, considerado um dos mais rápidos do mundo. No início, não existiam redações com jornalistas para apurar e escrever as notícias, então os locutores improvisavam lendo e comentando as informações que saiam no jornal impresso, mesclando com o conteúdo musical. Assim nasceu o primeiro jornal de rádio brasileiro, que se chamava Jornal da Manhã, mas que logo foi mudado para um noticiário que era lido várias vezes ao longo do dia.
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Já em 1935, com o rádio consolidado, surgiu o Programa Nacional, que pouco tempo depois passou a ser chamado de A Voz do Brasil. A atração traz até hoje informativos oficiais diários produzidos pelos Poderes Legislativo, Judiciário e Executivo, que divulgam os acontecimentos políticos do país. A Voz do Brasil foi criada inicialmente para enaltecer o governo de Getúlio Vargas, o presidente da época, e era transmitido obrigatoriamente às 19h de segunda a sábado. Atualmente o programa segue obrigatório, mas o horário de exibição fica a critério de cada emissora.
OUTROS MARCOS HISTÓRICOS
Outro marco na história do jornalismo no rádio brasileiro foi a chegada do Repórter Esso, em 1941, na Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Este foi o primeiro programa jornalístico que não se limitava a leitura de recortes do jornal impresso, trazendo reportagens e coberturas dos fatos mais importantes em todo o mundo. Esse estilo de noticiário veio dos Estados Unidos, como uma versão do programa “You Esso Reporter” e recebia matérias de uma agência internacional de notícias norte-americana.
O radiojornal ficou conhecido pelos slogans “O primeiro a dar as últimas” e “Testemunha ocular da história”, trazendo as atualizações da Segunda Guerra Mundial, com uma ênfase nos feitos dos EUA no conflito. Apesar de no começo o foco ser as informações internacionais, o Repórter Esso esteve presente em muitos momentos marcantes da história nacional, como o suicídio de Getúlio Vargas e em parte da ditadura militar, o que deu ao programa uma grande credibilidade com os ouvintes e fez com que o modelo de radiojornalismo norte-americano fosse inspiração para outras emissoras no Brasil.
O fim do primeiro noticiário nacional se deu por causa da censura imposta pelos militares em 1968, e também pela chegada da televisão, onde o Repórter Esso esteve presente de 1952 a 1970.
No ano de 1991 mais um estilo de radiojornalismo surgiu no país, com as emissoras All News, que consiste em uma programação com 24 horas por dia de notícias. A pioneira foi a CBN nas cidades de São Paulo e no Rio de Janeiro, que trouxe uma proposta diferente, principalmente na hora de apresentar os fatos aos ouvintes.
Texto passou a ser menos engessado, a locução ficou com um tom mais conversativo e o conteúdo passou a abranger mais assuntos, por ter mais tempo para abordar temas mais extensos. A CBN implantou este modelo no AM, mas em 2005 a Band News trouxe o All News para o FM de uma maneira bastante ousada, visto que as rádios FM tinham uma programação majoritariamente musical. Junto as emissoras com 24 horas de informação, veio o advento da internet trazendo mais rapidez nas principais funções do jornalista.
O RADIOJORNALISMO NA INTERNET
O rádio acompanhou todos os avanços da tecnologia, e hoje já vemos outros formatos no ambiente digital, até mesmo no Youtube e em formato de podcast, que é um programa de áudio, que pode ser gravado e postado na internet, ou até mesmo transmitido ao vivo.
O modelo surgiu em 1999 nos Estados Unidos, mas só chegou ao Brasil em 2004. Aqui, ele veio com um mais descontração e claro, com destaque para entrevistas sobre assuntos pouco abordados nos meios de comunicação mais tradicionais.
Na prática, o podcast ganhou força com a chegada das plataformas de streaming, já que o compartilhamento do conteúdo foi facilitado principalmente pelas redes sociais. Hoje, o estilo não é usado exclusivamente para fins jornalísticos, tendo uma presença marcante no entretenimento e na abordagem de temáticas voltadas para a vida dos famosos, contação de história, etc.
Como você pode ver, o radiojornalismo já se mostrou muito versátil às mudanças vividas no mundo. Reinvenção é a palavra que define este grande meio de comunicação, que acompanha milhares de pessoas diariamente e ainda mantém sua essência de levar informação de maneira rápida e precisa.
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Bruna Costa
Bruna Costa
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