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Cia. Teatro Cego propõe experiência ultrassenssorial no escuro

Criado em 2012, o grupo formado por atores cegos e videntes convida: “Você precisa não ver”

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Arlon Souza

15/04/2022 às 15:00 • Atualizada em 27/08/2022 às 1:25 - há XX semanas
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Foto: Divulgação Você tem apenas este fim de semana para ver o espetáculo 'Um Outro Olhar', com sessões às 16h, 18h e 20h, tanto nesta sexta santa quanto no sábado de aleluia, no Teatro Jorge Amado. E o melhor: com ingressos gratuitos, distribuídos 1 hora antes de cada sessão. A peça, da companhia paulistana Teatro Cego, recebe o público em uma casa, uma casa escura. Ou quem sabe seria um apartamento? A encenação nos permite criar muitas metáforas, uma série de imagens, rostos, corpos, fisionomias e objetos que vislumbramos nesse universo. Em meio à escuridão, os ambientes são sugeridos, através de sons, cheiros e, por vezes, leves toques entre os personagens e a plateia. Seriam toques propositais? Para aguçar ainda mais os sentidos? E como seria experimentar o paladar nessa atmosfera de aromas? Como diz a peça, “Cada um vive a sua experiência, cada um vive a sua história”. Sim, as fronteiras nessa trama se diluem. Atores e público ocupam o mesmo espaço: o palco. A plateia se instala na cena como personagens, em espaços setorizados. Cada movimento, cada ação, cada fala, tem uma presença muito intimista e, ao mesmo tempo, provocadora. O enredo e a dramaturgia são simples. É realista, atual, um drama familiar de classe média. Porém, é uma reflexão necessária por empatia, solidariedade, cidadania e tolerância. Pode parecer inicialmente um tanto perturbador viver por cerca de 1 hora uma encenação em que supostamente isolamos o sentido da visão. Nesse caso, a perspectiva do escuro se torna reveladora, ao nos fazer perceber a dimensão de uma “visão” mais apurada, mais sensível e mais dilatada sobre todo o percurso que se constrói ao longo do espetáculo. Quem sabe seja na cegueira que enxergamos mais e melhor? Proponho a você que se interessou em experimentar esse processo instigante e multidimensional dos sentidos, que se dispa de julgamentos, de preocupações da vida moderna, de suas rotinas. Se entregue, esvazie-se, sinta e reflita. “Você precisa não ver”. Mais informações sobre a peça? Confira neste link.
Arlon Souza* - @arlonsouza Arlon Souza é ator e jornalista. Entre o jornalismo cultural e a vida artística, acumula experiências em diversas TVs e cenário artístico cultural. Já dirigiu e produziu uma série de trabalhos para a TVE Bahia, TV Brasil, TV Globo Internacional, SBT Brasil, Band SP e TV Aratu. Como ator, passou pelo Curso Livre de Teatro do SESC, Teatro Gil Santana, Goethe-Institut, pelo 30º Curso Livre de Teatro da UFBA e pelo Teatro Vila Velha. Em 2012, foi um dos selecionados para o Programa de Incentivo à Crítica de Artes (Funceb) e em 2017, pela Oficina de Crítica com a jornalista Beth Néspoli.
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