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TABUS, TRETAS E TROÇAS COM SÍLVIO TUDELA

Silêncio dos clubes: qual a melhor estratégia para o mau desempenho em campo e conter a revolta da torcida?

Greve na comunicação jamais será a resposta que os torcedores precisam!

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Sílvio Tudela

02/05/2022 às 9:00 • Atualizada em 26/08/2022 às 17:59 - há XX semanas
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Para começar, felizmente (ainda, apesar dos percalços) vivemos num país que tem a imprensa livre e no qual os jornalistas podem, além de noticiar, manifestar suas opiniões, desde que se responsabilizem por elas e deixem claro que é uma interpretação pessoal e não um diagnóstico preciso de um fato. E isso abrange todas as áreas, da política à cultura, da gastronomia aos esportes. E isso vale para todos, profissionais de comunicação ou não. E principalmente para os torcedores!

É evidente que não encontraremos grandes declarações de amor ao Tricolor Baiano se o conteúdo estiver publicado numa comunicação do Vitória. E vice-versa. E isso também vale para todas as rivalidades existentes no futebol, entre paulistas, cariocas, mineiros, gaúchos, pernambucanos, cearenses etc. E também é real quando se tem quase uma unanimidade, que é a Seleção Brasileira. Torcedores, atletas, treinadores, dirigentes, jornalistas têm o direito de fazer críticas a um determinado jogador ou técnico, ou a uma gestão que consideram equivocada. Vale até como obrigação, como forma de identificar os pontos fracos, as possíveis correções de rumos e até enveredar pelo tortuoso e perigoso caminho da premonição, valendo-se de estatísticas, rankings, tabus e superstições.

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O que não vale é ofender a honra e a dignidade humana, colocando a vida em perigo. Nem dos atletas, dirigentes, torcedores ou profissionais de comunicação.


				
					Silêncio dos clubes: qual a melhor estratégia para o mau desempenho em campo e conter a revolta da torcida?
Foto: Reprodução

Posto isso, não é de hoje que assistimos, cada vez mais, às greves de silêncio de alguns clubes e seus times quando estes são criticados pela sua gestão, pelo desempenho esportivo e pela forma de entregar à torcida o que ela efetivamente merece.

Um dos casos mais recentes de silêncio foi a greve de comunicação nos canais do Sport Clube Corinthians Paulista, sob o pretexto de uma campanha institucional chamada “Futebol sem Ódio”. Apesar de plenamente justificável após as descabidas ameaças de morte feitas a alguns jogadores por determinadores “torcedores” nas redes sociais – se assim pudermos chamá-los -, tal silêncio não se justifica perante uma massa de milhões de fiéis apaixonados pelo time, que gastam muitas vezes o que não têm para poder pagar um ingresso no estádio ou embarcar numa excursão exaustiva para ver o seu time de coração jogar longe de casa e apoiá-lo acima de tudo. Principalmente após uma derrota por 3 a 0 para o seu maior rival, no dia em que se comemora o torcedor corintiano e seu santo padroeiro.

Se o silêncio agride, ainda piores são as ameaças, agressões e emboscadas que os atletas sofrem. Elas não podem ser aceitas e naturalizadas como normais. Isso é fato!

Para ficar apenas numa única competição – o maior torneio continental -, o fenômeno não é recente e já se repetiu na eliminação do Alvinegro Paulista na Libertadores da América de 2006, quando os torcedores brigaram no Pacaembu e agrediram os jogadores com violência numa partida contra o River Plate, e na edição de 2011, quando o time foi desclassificado pelo até então desconhecido Tolima, o que virou ótima justificativa para a piada dos rivais e causou a o pedido de demissão de jogadores do nível de Ronaldo Fenômeno e Roberto Carlos, em pleno voo de volta ao Brasil, por medo da ação de alguns torcedores perturbados das organizadas.

Nenhum jogador merece jogar por medo. Pode-se atuar pela ambição ou por dinheiro ou pela zona de conforto até, mas não sob ameaças.

Como poderíamos também justificar a atitude dos “torcedores” que lançaram bombas no ônibus do Bahia, quando o time se dirigia à Fonte Nova para um jogo da Copa do Nordeste, as quais feriram jogadores e, por muito pouco, não fizeram o veículo pegar fogo e dizimar o Esquadrão de Aço? Para quem ainda não teve a infeliz experiência de ver um meio de transporte desses ser incendiando, é preciso alertar que ele é consumido pelas chamas e explode em poucos minutos. Poderia ter sido uma tragédia, o que seria uma mancha terrível na história do clube. E este protesto jamais poderia ser contabilizado como “amor ao time”.

Por mais que uma sequência ruim de resultados ou uma decepção muito intensa estejam na trajetória de um time, qual foi a equipe que nunca viveu um apagão, mesmo quando era favorita e tinha tudo para se dar bem, mas o vento virou?

Se cabe ao torcedor criticar e protestar pelos maus resultados, desde que seja sem violência, é obrigação dos clubes também serem transparentes com aqueles que o amam e não silenciarem, seja para dizer que passam por problemas internos nas finanças, imbróglios jurídicos, perda do vestiário, equipe desmotivada, atrasos de salários ou o que for. O silêncio jamais será uma boa resposta para quem ama!

O torcedor merece respeito, uma palavra que seja, e não o silêncio! E o clube todo o acolhimento possível, pois tudo passa...


				
					Silêncio dos clubes: qual a melhor estratégia para o mau desempenho em campo e conter a revolta da torcida?

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